"Hot Girls Wanted" - (2015) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Artigo

“Hot Girls Wanted” – (2015)

A busca por algo não tão perto do tangível pode ser um trampolim exato para quem persiste e caminha em torno dessa procura. Fama, ser (re)conhecido, ganhar muito dinheiro –  todos esses objetivos, para muitos, são justificativas via qualquer meio viável para que tais aconteçam. Hot Girls Wanted (disponível no Netflix) conta como o acesso ao pornográfico atualmente deixou de ser restrito, e a internet, tornou-se um veículo fundamental, assim como, promotor dessa indústria. É gradual por parte de meninas novas à procura desse meio. O pornô amador não é mais algo exuberante, diferente, estranho, porém, cada vez mais comum, fazendo com que o pudor, a vergonha, e a liberdade entrem em choque. Agora, como contar a verdade para quem ama se nesse caso é dizer que faz filmes pornográficos para ganhar dinheiro? Há um paradoxo nessa questão: procura-se proteger quem ama para que não haja um mal entendido acerca do que ocorre na verdade, assim como, mesmo sabendo que é o que se gosta de fazer, a melancolia em ver a frustração nos olhos dos pais acaba sendo inerente à escolha tomada como profissão, portanto, podemos perguntar: há liberdade com culpa? Na verdade, a sedução pelo que não temos pode ser aterrorizadora quando tentamos ao máximo conquista-la; é como uma miragem de água espelhada nos olhos do errante num deserto coberto de areia e de um calor infernal, pois, como uma tontura, uma ilusão, um querer que na verdade é menos que querer e mais uma fuga por necessidade.

A pornografia pode ser uma estrada na qual muitas meninas encontram e à seguem pelo fato de não terem outra escolha ou mesmo porque gostam e tem prazer em fazê-lo, contudo não é bem como todas pensam que poderia ser. A indústria pornográfica, acredito que desde seu início, vem preservando o sexo no qual temos o homem como dominador e a mulher apenas, e digo apenas, como uma ajudante a qual faz com que ele tenha prazer. Temos como fato às filmagens, o modo pelo qual os diretores desse gênero cinematográfico – se é que podemos considera-lo como tal – realizam suas cenas e temos como totalidade, ou quase isso, de cenas nas quais temos as mulheres dando prazer para os homens e em diversas situações diferentes. E se tudo isso existe é porque temos uma procura por esse tipo de mercadoria. Há consumidores por todo o globo que compra e consome tal produto e tal fato agiliza e aquece cada vez mais a pornografia teen. Ademais, não é só isso o pior de tudo a respeito dessa indústria, já que além de termos acesso a essa difamação exacerbada da figura feminina, ainda, se tem entrada à imagens extremamente ultrajantes de preconceito, espancamentos e tortura. Muitos podem dizer que tudo isso não passa de um fetiche, será? Contudo, é aquilo que disse: lei da oferta e da procura.

Uma pesquisa recente mostra que quase 40% da pornografia online apresenta violência contra mulheres. Anúncios gráficos para sites como “18 e abusadas” frequentemente aparecem como destaque em sites pornô populares”. 

Uma dessas atrizes amadoras diz o que pensa à respeito do seu trabalho. Diz ela: “Estou aqui para representar, não para ficar confortável. Eu represento, fico desconfortável, para que você goze, eu seja paga e faça as coisas que quero depois. Eu faço isso para a câmera com alguém que está fingindo, e homens e mulheres trabalham em empresas dando duro para benefícios de merda, por muitos anos, e não podem deixar o emprego por causa dos filhos. […] as pessoas sempre passam por essas situações fora do pornô: relacionamentos, para mim é tudo falso. É aí que o limite fica confuso para algumas pessoas. Elas não veem isso. Elas veem o produto final, que imagino que pareça muito real, porque as pessoas acham que seja. […] estamos em mais lugares do que o Mc Donalds”. (Ava Kelly)

Atualmente temos veículos de informação muito eficientes e velozes quanto processo de divulgação de nossa persona: temos o Instagram, Facebook, Snapchat, Twitter e muitos outros, ou seja, tudo isso, mesmo não fazendo parte de uma indústria pornô oficial, faz parte de um amadorismo erótico onde não temos o sexo explícito e filmado com câmeras de alta resolução, captação de som, luz ,etc., mas temos meninas novas de biquini ou semi-nuas mostrando o corpo para seus seguidores os quais elas nem fazem questão de saber quem são, visto que somente basta saber quantos são. Essa ânsia é muito estranha, essa de dependência por e de ter mais e mais followers na sua rede pessoal. É um vazio completo que preenche o anonimato, já que estar para além dele ou fora dele, é o oposto, porém, cada vez mais afamado, mais sozinho distante de si.

Nota: 4

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