Crítica: The Nightmare
The Nightmare é um “documentário” sobre paralisia do sono que, ironicamente, dá muito sono.
Ficha Técnica:
Direção: Rodney Ascher
Lançamento e nacionalidade: EUA, 2015 (disponível na Netflix Brasil).
Sinopse: o documentário (ou falso documentário) aborda as experiências com paralisia do sono sob a ótica do depoimento de oito pessoas que relatam as próprias experiências.
Doença? Pesadelo? Algo sobrenatural? Viagem astral? Abduções de ETs? A paralisia no sono pode ser definido pelas pessoas nas mais diversas categorias. Se você já passou por isso poderá dizer em qual se enquadra. Quem não tenha passado poderá ou não acreditar nos vários relatos sobre o caso.
Paralisia do sono é um fenômeno que faz com que a pessoa, em um dado momento enquanto dorme, veja o que acontece ao redor dela, mas não consegue mexer nenhum músculo. O biologo Yuri Grecco tem um vídeo no Youtube, no Canal Eu, Ciência, sobre a biologia do sono onde, a partir dos 45 minutos, fala também da paralisia. Recomendo o vídeo e o canal como um todo.
Contudo, alguns simplesmente dizem ver, por exemplo, o quarto que está (do jeito exato que o quarto é). A questão é que há relatos de aparições e interações neste momento em que a pessoa está imóvel.
Apesar de ter o primeiro tipo presente, The Nightmare foca mesmo no último. Os entrevistados contam como foi ver demônios, homens-sombra, figuras monstruosas das mais diversas, tem até relatos de relações sexuais e conversas com a mãe que já havia falecido.
Para ilustrar os depoimentos o longa recria as cenas (à la “Linha Direta”). Se o que foi dito pelas vítimas do distúrbio já era feito de forma um tanto sensacionalista (um dos homens conta o que ele viu quando tinha apenas um ano e descreve perfeitamente a cena…) o grande problema do filme está nas reconstituições. Atores ruins, efeitos toscos, cenas repetidas e uso de jumpscares para tentar assustar o público são alguns aspectos dessa parte do “documentário”.
A proposta lembrou muito os programas do History Channel sobre aliens… uma abordagem totalmente tendenciosa (não há por exemplo a visão científica da questão) e não há questões propostas ou problematizadas, a coisa é jogada como verdade sem um porém.
Não quero dizer que a paralisia do sono não existe. Eu mesmo passei por situações assim na infância. Exatamente por isso o tema me interessa. Mas o diretor Rodney Ascher quer trazer um texto monotônico e bitolado sobre o tema (aliás, há a alegação de que quem não acredita é que tem a mente fechada…).
Sinceramente fico me perguntando se tudo é falso propositalmente ou se as pessoas que dão depoimentos acreditam mesmo naquilo integralmente (tem hora que vira até proselitismo religioso).
Caso você queria ver um filme ruim de terror sobre o tema e se você for influenciável a partir de relatos aleatórios então pode ser que a experiência aqui em The Nightmare funcione pra ti e te impressione a ponto de tirar o teu sono.
Como filme e como um tratamento sério da paralisia do sono definitivamente The Nightmare é um grande desserviço.