Crítica: Presságios de um Crime
Presságios de um Crime é o segundo filme de Afonso Poyart, e o primeiro feito fora do Brasil.
Ficha Técnica:
Direção: Afonso Poyart
Roteiro: Sean Bailey, Ted Griffin
Elenco: Anthony Hopkins, Abbie Cornish, Jeffrey Dean Morgan, Colin Farrell
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2015 (25 de fevereiro de 2016 no Brasil)
Sinopse: Os detetives do FBI Joe Merriwether (Jeffrey Dean Morgan) e Katherine Cowles (Abbie Cornish) investigam um serial killer que mata suas vítimas com um objeto perfurante na nuca, sem deixar vestígios. Joe decide pedir ajuda ao seu amigo pessoal, o Doutor John Clancy (Anthony Hopkins), poderoso vidente que vive isolado desde que perdeu a filha. Mesmo que reticente, Clancy ajuda os policiais a entender a mente do assassino (Colin Farrell), que está à frente de todos graças às habilidades que também possui.
Quando lançou seu primeiro longa no Brasil, Afonso Poyart surpreendeu os espectadores por demonstrar maturidade em uma trama sóbria e complexa, ainda que repleta de elementos das mais diversas influências. Em “Presságios de um Crime” (Solace), primeira incursão do diretor no cinema americano, podemos ver o quanto este pode ser mais comedido sob as limitações de um roteiro previamente escrito.
Na trama, que envolve investigações de agentes do FBI em torno de um serial killer, acompanhamos um thirller com ares dramáticos e um subtexto quase ousado: no fim das contas, a trama é muito mais que uma investigação, pois abre debate – ainda que ligeiramente – para temas mais profundos.
Não que “Presságios de um Crime” tenha um roteiro genial. Aliás, a primeira cena, que explica o significado de “Solace” (consolação em um momento de extrema tristeza), se perde com o título nacional. Na trama, acompanhamos algumas explicações quase inorgânicas de quem é e qual a vida de John Clancy (Anthony Hopkins), já que não há nenhum histórico de quem é o personagem principal e que tipos de trabalhos ele havia realizado com Merrywether (Jeffrey Dean Morgan). Tem-se a impressão de que trata-se de um episódio de uma série do estilo “CSI”, o que corrobora com as notícias de que a trama teria sido cogitada para ser uma continuação de “Se7en”.
Ainda assim, tudo o que não está relacionado ao roteiro funciona bem. Afinal, nada melhor que uma atuação densa e eficiente de Anthony Hopkins para amenizar impasses da trama, como a maneira como seus poderes paranormais falham em um momento necessário ou a forma como ele “ultrapassa” seu oponente, o vilão serial killer Charles Ambrose, que estava à sua frente desde o início.
Em meio a elementos interessantes e atuações boas, é uma pena que o roteiro precise usar expressões óbvias, como “brincar de Deus”, ao discutir uma temática que, embora tratada de forma quase displicente, tem lampejos interessantes de profundidade: vale notar, por exemplo, como Clancy aceita investigar o caso apenas depois de visualizar o sombrio futuro de Katherine (Abbie Cornish), como uma provável forma de se redimir de uma culpa do passado – mais tarde explicada.
Assim, ainda que o roteiro queira explicar demais, ao menos a direção estilizada de Poyart e a atuação de Hopkins contornam os problemas e fazem deste thriller uma boa diversão.
3/5