Filmes que vi em janeiro de 2016 no cinema
Filmes ótimos apareceram no mês…Como é época de Oscar tivemos em janeiro alguns que praticamente já nascem clássicos. Mas alguns completamente tediosos. Consegui acompanhar 15 longas no cinema e trago um resumão deles aqui para vocês. Faço a ressalva que alguns foram lançados no final do ano passado, mas só pude vê-los agora. A maioria tem crítica no site e vocês podem conferi-las clicando nos títulos.
Dei uma nota de 0 a 10 para cada filme e a lista está do menor para o maior. Vamos a ela:
15 – Joy: O Nome do Sucesso:
Indicado para melhor atriz, com a queridinha de Hollywood Jennifer Lawrence, o filme falha em diversos aspectos. Personagens mal desenvolvidos, uma narração enfadonha, ideias mal aproveitadas e muitas coisas inverossímeis. A Jennifer Lawrence tem bons momentos, mas em outros cai muito de produção em tantos outros. Nota 3,5
Vendido como “Mad Max brasileiro” o longa nacional tem até bons (talvez ótimos) aspectos técnicos a serem ressaltados: maquiagem, figurino, trilha e principalmente fotografia. Mas em dois aspectos basilares deixa muito a desejar: direção e principalmente roteiro. Os personagens tem arcos muito fracos e motivações ruins e mal-acabadas. A história em si poderia ser boa, mas peca em todos os sentido. Prejudicando até o que funciona bem. Nota 4
13 – Macbeth: Ambição e Guerra:
O texto do Skeaspeare tem muita qualidade, mas ao traspor para as telonas o diretor Justin Kurzel torna a experiência enfadonha. Alguns diálogos são incompreensíveis (não sei se por burrice minha ou por ter dormido no meio deles). Nunca vi um público tão apático em uma sala de cinema. A galera não reagiu a nada no filme. O que é uma pena pois, além de não ser uma boa adaptação de um texto riquíssimo, Macbeth apresenta a melhor fotografia que eu vi nesta temporada. Nota 4
12 – As Sufragistas:
A História de como as mulheres lutaram para ter o direito ao voto reconhecido na Inglaterra do início do Sec. XX é algo que precisa ser conhecido e visto. Aula à parte, o filme não funciona como narrativa. Exagera a mão em alguns pontos deixando a sutileza de lado e deixa de explorar alguns pontos em outros. O design de produção, fotografia e figurino estão bem condizentes com a proposta. Alguns pontos nas atuações também tem destaque negativo. Nota 6
11- Steve Jobs:
Narrativa de parte da vida do Senhor Aple traz uma proposta interessante ao estabelecer um recorte temporal e espacial para contar a vida do biografado: só é mostrado os momentos antes das icônicas apresentações. Temos aqui um roteiro repleto de excelentes diálogos, bem interpretados pelos atores (justa as indicações aos Oscar pelas atuações) e a relação com cada um a volta de Jobs é bem explorada. Mas o roteiro possui uma estrutura um pouco cansativa e repetitiva. Nota 7
10- A Grande Aposta:
Indicado para 5 categorias do Oscar e grande favorito após vencer o PGA. A Grande Aposta tem uma edição peculiar. Toca em um tema que não é tão caro para a maioria das pessoas (mercado financeiro). Apesar das atuações excelentes e da direção ousada, os termos complicados, explicações constantes (e necessárias) e quebra da quarta parede podem fazer desse ótimo filme uma experiência desagradável. Nota 7
Filme belga que ficou no top 9 de filmes estrangeiros do Oscar traz uma premissa curiosa: deus está vivo e tem mulher e filha. Eles vivem enclausurados em um apartamento e ele as trata muito mal, tal como o faz com o resto da humanidade (sentido até um certo prazer nisso). A filha se revolta e decide juntar 6 apóstolos para escrever um novíssimo testamento. Ela faz as vezes do irmão, Jesus. Então os mais religiosos talvez não se ofendam, pois apesar da visão pessimista sobre deus, o filme tem um tom pró-religião/fé. O humor nonsense e as situações inusitadas fazem o longa merecer uma nota 8
8- Charlie Brown e Snoopy- Peanuts, o Filme:
Divertido, nostálgico e com uma mensagem interessante para os pequenos: confiar mais em si. O clássico das tirinhas/desenhos vem mais uma vez para as telonas e faz um bonito papel ao agradar crianças e pais. Divide a história, que de certo modo se entrelaçam, entre a turma de Charlie Brown e um fantasioso Snoopy. Explora bem os personagens secundários mesmo sem colocar grande profundidade neles, mas fazendo com que gere uma empatia instantânea. Nota 8,5
7- O Bom Dinossauro:
Muitos dirão que não está entre os melhores filmes da Pixar (o que é verdade), mas ainda assim é um filme com o selo Pixar. E isso fica evidente em diversos momentos, mesmo em meio a uma narrativa bem infantil. Valores como amizade, superação dos medos e até a morte são trazidos aqui de uma forma original (mesmo o longa fazendo, em muitos momentos, referências a outras animações). Uma fotografia lindíssima com representações da natureza que parecem reais. Mas no geral é um filme um pouco mais infantil e simples que os outros do estúdio. Nota 8,5
6- Carol:
Aqui a força da mulher, tema que vem crescendo nas telonas, é muito bem explorada. Duas mulheres, bem diferentes entre si, se relacionam nos anos 50 e tem que lidar com conflitos internos da relação e com o preconceito da sociedade. Personagens complexas, sedutoras e cativantes, atrizes maravilhosamente bem, uma ambientação bem imersiva (figurino, fotografia e design de produção) colocam este filme como uma das maiores injustiças do Oscar, ao ignorá-lo para as categorias principais (direção e melhor filme). Nota 9
Tarantino sendo Tarantino. Bastava eu parar por aqui para compreenderem o que foi este filme. Mas vamos lá: uma filmagem ousada e incomum, a exploração de um universo – e da formação do povo americano – a partir de um ambiente fechado. Um roteiro que agrada tanto pelo enredo (alucinante no final), quanto pelos diálogos. As 3 horas de duração fazem valer cada segundo (ok, sejamos honestos, poderia ter uns 20 minutos a menos). Fotografia e trilha impecáveis (Ennio Morricone ganhará o Oscar este ano, finalmente). Atores afiadíssimos sendo, talvez, as melhores atuações de muitos ali (e olha que só tem nome de peso). Nota 9
O filme brasileiro indicado ao Oscar de melhor animação faz jus à lembrança pela academia. Sem dizer uma palavra somos completamente encantados pela saga de um menino em busca do pai e a descoberta de novos mundos. Na segunda metade somos confrontados com críticas diversas ao nosso modo de viver atual. Feito com elementos “simples” (lápis de cor, giz de cera), Alê Abreu não questiona só os paradigmas modernos da animação, mas vai além. Arte pura. Nota 9,5
3- Creed – Nascido Para Lutar:
A franquia Rocky tem mais um suspiro com a história de Adonis Creed, filho do rival de Balboa, Apolo Creed. Presta-se aqui uma das mais lindas homenagens a uma franquia: não só ao fazer referências aos filmes anteriores trazendo pequenos elementos, mas ao ser um excelente filme. Direção (planos-sequências sensacionais), atuações emocionantes (Sly merece levar o Oscar), roteiro muito digno e empolgante e trilha que é utilizada em momentos sublimes e de uma forma bem inteligente. Nota 9,5
2 – Anomalisa:
Um homem perturbado, questões psicológicas complexas, sexo explícito… como abordar esses temas? Com uma animação em Stop Motion, é claro… a improvável mescla que o diretor Charlie Kaufman faz cria um universo dentro de um hotel e em 24 horas que explora os confins da mente humana de um jeito raro no cinema como um todo. O ritmo do filme (principalmente da primeira metade) pode desagradar a muitos: é extremante lento, mas a vida não é assim? Banal, cotidiana e às vezes tediosa? Para entrar na mente de Michael Stone a primeira parte, mas do que importante, foi essencial. Filme sem furos em nenhum aspecto. Nota 10
1 – Spotlight – Segredos Revelados:
Pedofilia na igreja católica é um tema espinhoso de ser tratado. Posto em tela aqui sob a ótica de um grupo de jornalistas que vão investigando os casos aparentemente isolados daquela mácula em uma das instituições mais forte do planeta. E para piorar, aos poucos descobrem que a história era bem mais profunda…. Aula de jornalismo, roteiro estruturado de uma forma exemplar e com diálogos brilhantes, ótimos atores com tempo em tela para mostrar serviço, uma edição que faz com que a história seja representada da melhor maneira possível. Em suma o diretor Tom McCarthy harmoniza tudo em perfeição. Meu favorito ao Oscar. Nota 10
Considerando as notas dos 15 filmes tivemos uma média de 7,5. Janeiro, como sempre, sendo um grande mês para os amantes da sétima arte.