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Crítica – O Regresso

Diretor: Alejandro González Iñárritu

Elenco: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Domhnall Gleeson, Will Poulter, Forrest Goodluck

Nacionalidade e Lançamento: Estados Unidos, 2015

Sinopse: Hugh Glass é um explorador e comerciante de peles que sofre um ataque de urso durante uma expedição. Enquanto alguns de seus companheiros querem ajudá-lo, outros o deixam à beira da morte em pleno inverno do Velho Oeste nos Estados Unidos. Glass tenta sobreviver aos perigos que o inverno e a floresta apresentam, enquanto busca um modo de se vingar de quem o deixou para morrer.

Atenção: esse texto possui alguns spoilers, mas nenhum que comprometa o final do filme.

Com estreia prevista para o dia 21/01 no Brasil, “ O Regresso” (The Revenant, 2015) é um dos grandes candidatos a ganhar o Oscar de Melhor Filme neste ano. Além dessa categoria, o filme também concorre em outras 11 categorias, incluindo Melhor Ator (Leonardo DiCaprio) e Melhor Diretor (Alejandro González Iñárritu), sendo o filme com mais indicações em 2016. No Globo de Ouro, o filme venceu em Melhor Filme de Drama, Melhor Diretor (Alejandro González Iñárritu) e Melhor Ator de Drama (Leonardo DiCaprio).

Baseado no romance de Michael Punke e inspirado na história real do explorador Hugh Glass, o filme nos apresenta a luta diária de um homem pela sobrevivência, após ser abandonado pelos companheiros quando sofre um ataque de urso e torna-se um fardo na expedição. Aqui já gostaria de elogiar a perfeição ao qual foi realizada a cena da luta de Glass (DiCaprio) com o urso gigantesco, que deixa o espectador apreensivo durante vários minutos. Depois de abandonado, Glass precisa enfrentar os desafios que o inverno oferece, além de ser cauteloso com os conflitos de povos indígenas naquela região. É uma história sobre a busca pela vingança, onde o protagonista confronta diversos obstáculos de uma natureza impiedosa até que ele consiga chegar onde deseja.

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Iñárritu (ganhador do Oscar de Melhor Diretor em 2015 pelo filme “Birdman”) faz excelente uso das câmeras, que giram em vários planos e ângulos durante as batalhas, lutas e perseguições, criando uma dança que capta todos os detalhes da cena. Em minha opinião, o jogo com as câmeras foi uma das maiores qualidades técnicas do filme. Até mesmo em cenas com maior inatividade o diretor conseguiu atrair a atenção através das magnificas paisagens ao qual o personagem principal percorreu. Não vi todos os filmes indicados ao Oscar, mas acredito que “ O Regresso” possui grandes chances de levar a estatueta na categoria de Melhor Fotografia.

Embora o enredo do filme seja relativamente simples, o longa como um todo chega a ser bastante complexo. Iñárritu trouxe para o cinema temas delicados, como o conflito entre tribos indígenas e os americanos, ocasionando mortes e barbaridades em muitas das cenas presentes no filme. O diretor optou por não poupar os olhos dos espectadores da brutalidade de todos os atos, então preparem-se para cenas sem restrições ou cortes. Desse modo, nos Estados Unidos, o filme recebeu a classificação etária R, ou seja, proibido para menores de 17 anos desacompanhados.

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E a grande pergunta que será respondida no dia 28/02: DiCaprio leva o Oscar dessa vez? Com toda certeza podemos afirmar que o ator se entregou totalmente ao papel do explorador Glass. Não há como se decepcionar com a atuação de DiCaprio, sendo que sofremos junto com ele todas as vezes em que o personagem encontra um novo desafio a ser superado. Ele consegue transmitir toda a amargura, raiva e medo que Glass está sentindo com o decorrer do filme. O ator ultrapassa todas as expectativas que são atribuídas a ele, e nos surpreende mais uma vez. O trabalho em conjunto de DiCaprio e Iñárritu torna o filme um concorrente poderoso em todas as categorias do Oscar.

Por último, mas não menos importante, gostaria de citar a atuação do ator Tom Hardy (Bane, em “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”), que interpreta o principal vilão da história, John Fitzgerald. Quando um vilão gera certo furor nos espectadores, é porque o ator fez seu trabalho certo. Fitzgerald é um personagem detestável, que nos cria questionamentos sobre até onde é possível um ser humano tornar-se tão desprezível. Através de sua atuação impecável, Hardy está concorrendo ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.

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As minhas únicas críticas negativas em relação ao longa são sua duração de 156 minutos e sua trilha sonora pouco explorada. Embora as paisagens sejam espetaculares, muitas cenas acabam tornando-se cansativas. Iñárritu soube balancear muito bem as cenas de ação com as cenas mais paradas, afinal a maior parte do filme é a trajetória solitária de Glass em territórios perigosos. Porém, acredito que o filme poderia ser menos longo, trazendo o mesmo impacto positivo e sem perder suas qualidades. A trilha sonora poderia ser melhor trabalhada, pois não chegou a ser um aspecto nem um pouco marcante no filme. Apesar disso, é uma ótima produção, e vale a pena conferir a atuação que provavelmente (será?) renderá o primeiro Oscar ao merecedor Leonardo DiCaprio.

  • Nota Geral
4.5

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