“John Wick” – (2014)
John Wick é um homem como qualquer um: está casado, tem uma bela casa e consideravelmente feliz. Entretanto tal situação advém de uma escolha a qual teve como parâmetro tanto a vida sombria do passado quanto o que veio à transformar sua vida. Seu passado é basicamente uma mancha de sangue, é nebuloso, triste e soturno.
John, interpretado por Keanu Reeves, é um matador profissional que trabalhava junto à mafia russa. Ao encontrar com alguém especial, sua vida de embates e de guerra foi esquecida, e o novo bem estar conjugal abasteceu sua vitalidade de esperança em ter um recomeço ou uma nova história. Ao ser assaltado pelo filho de um mafioso poderoso com o qual John antigamente trabalhava, e ainda ter que passar por um outro processo de luto diante das ocorrências ali situadas, seu emocional e seu instinto matador ganha potência, e o ódio e a raiva que naquele corpo estavam dormindo por alguns anos revivem, e com mais força.
A não esperada visita desse passado acaba trazendo sua ex-vida de volta para si. O embaraçoso talvez em mencionar, tendo em vista os acontecimentos que trouxeram Wick de volta para o mundo dos submundos, é que o vilão acaba sendo um pouco herói, e vice-versa, isto é, acabamos torcendo por ele. Ao nos identificarmos com uma persona que mata, destrói e dilacera o que está à sua frente – visto como um obstáculo, em certa medida, nos reconhecemos ou temos um certo desejo interno que nos apetece ao nos defrontarmos com o que vemos.
Keanu está vivo na pele de John Wick. Conseguimos ausentar nosso conhecimento acerca de seus personagens anteriores; ele cria isso. Quando o vemos em ação o vemos em outra dimensão e com outra capa; outro modo de lidar com suas situações em cena. É de fato um ótimo trabalho, tanto para Keanu quanto para os diretores Chad Stahelski e David Leitch. Vale a pena!