“Mr. Robot” – (2015)
Um bom começo para refletir a respeito da série Mr. Robot, criada por Sam Esmail e de forma belíssima, é já apresentar à que ela veio. Segundo Elliot (Rami Malek), o protagonista da história:
“Is any of it real? I mean, look at this. Look at it! A world built on fantasy. Synthetic emotions in the form of pills. Psychological warfare in the form of advertising. Mind-altering chemicals in the form of… food! Brainwashing seminars in the form of media. Controlled isolated bubbles in the form of social networks. Real? You want to talk about reality? We haven’t lived in anything remotely close to it since the turn of the century. We turned it off, took out the batteries, snacked on a bag of GMOs while we tossed the remnants in the ever-expanding Dumpster of the human condition. We live in branded houses trademarked by corporations built on bipolar numbers jumping up and down on digital displays, hypnotizing us into the biggest slumber mankind has ever seen. You have to dig pretty deep, kiddo, before you can find anything real. We live in a kingdom of bullshit. A kingdom you’ve lived in for far too long. So don’t tell me about not being real. I’m no less real than the fucking beef patty in your Big Mac.”
A real vida que Elliot vive está para além do que se passa nas ruas e ao seu redor cotidianamente, o relacionamento que ele tem com o mundo virtual debruça sobre suas forças uma potência incrível que só ele pode controlar, ou em certos momentos nem ele. Sua mente funciona como um computador. Sua capacidade de criar, conectar, perceber as fragilidades e as hipocrisias humanas com as quais geralmente convivemos e aceitamos ao nosso redor, no caso de Elliot, são um ponto de partida para que não sejam mais uma coisa ruim a acontecer no mundo, e pelo contrário, que elas sejam reparadas e que não aconteçam mais.
O trabalho de Malek é simplesmente exuberante e nos deixa, como observadores, atônitos com sua realidade e seu físico totalmente presentes em cena. Toda a narrativa, mesmo que em certa medida traz consigo um enredo crítico acerca da dependência que o mundo hoje vive do aparato financeiro, é também sobre a vida de Elliot, ou seja, é a respeito dele que o enredo conversa, é sobre sua deficiência social, sobre sua habilidade de observar as pessoas e sobre seu íntimo ser, o qual – ao decorrer da série, vamos gradualmente nos aproximando mais. Na verdade seu personagem é como um espelho da própria sociedade que atualmente aliena-se e confunde-se consiga mesma, visto que o superficial acaba acarretando junto ao consumo num avanço enorme de reciprocidade por parte das pessoas e tudo isso, é como uma solidão desperta quando se dorme. Essa vida é a vida de Elliot. Elliot e a sociedade são o mesmo.
Todo esse universo que a narrativa cria é de fato muito interessante. Os personagens estão vivos e têm muita personalidade, dado perceptível pelo trabalho dos atores, mas também pela forma criativa dos escritores que colaboram de forma fabulosa para que toda essa história seja contada da forma que foi. O que se tem ainda é somente a primeira temporada, contudo, a segunda já está confirmada para 2016. Do diretor de The Girl With The Dragon Tattoo e produtor de True Detective, Mr. Robot não tem condições de ser uma série ruim. Recomendo!!