Crítica: Mary e Max - Uma Amizade Diferente - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
5 Claquetes

Crítica: Mary e Max – Uma Amizade Diferente

“You are my best friend. You are my only friend.”

Sem nada para fazer nesse final de semana? Sem dinheiro para a CCXP (estamos juntos nessa)? Tá chovendo? Quer ver um filme? Então faça uma pipoca aí, prepare uns lenços se estiver muito emotivo e coloque essa animação, pois tenho certeza de que não irá se arrepender. Até hoje não encontrei uma alma no meu caminho que não tenha gostado desse filme.

marymax3

Quem disse que animações são feitas somente para crianças? Dirigido e escrito por Adam Elliot e produzido por Melanie Coombs, “Mary e Max – Uma Amizade Diferente” (Mary and Max, 2009) é uma animação australiana um tanto distinta de animações voltadas ao público infantil. Mary Daisy Dinkle é uma menina de 8 anos que vive na Austrália em 1976. Sua mãe é alcoólatra e seu pai é ausente. Mary gosta de assistir os “Noblets”, de conversar com seu galo e de comer leite condensado com chocolate. Na escola, ela sofre buylling devido a uma marca de nascença que possui na testa, e por isso não possui amigos. Max Jerry Horowitz é um homem de 44 anos que vive em Nova York e possui a Síndrome de Asperger, levando a problemas de interação social. Ele é obeso, carente de amigos e gosta de comer cachorro-quente de chocolate. Embora todos esses problemas sociais e pessoais de ambos os personagens sejam tristes e graves, eles são exibidos ao espectador com certo ar de infantilidade e ingenuidade, deixando a história muito mais interessante.

marymax2

O desenrolar da trama se inicia quando Mary encontra o endereço de Max em uma lista de endereços e decide enviar uma carta para ele, perguntando de onde vêm os bebês nos Estados Unidos. A partir desse momento, nasce uma amizade entre os dois, e ambos compartilham seus medos, seus gostos em comum e seus desejos. Tudo se baseia em uma probabilidade minúscula de dois personagens solitários se encontrarem através de uma página de endereços. E o mais legal de tudo é que o filme é baseado em uma história real.

A animação é realizada com modelos de massa de modelar (claymation), como em “O Estranho Mundo de Jack” (1993) e “A Noiva-Cadáver” (2005), por exemplo. Embora conte com personagens complexos, o filme é extremamente simples. Todo o visual transmite um tom depressivo, com poucas cores na tela, combinando com a solidão e a melancolia que caracterizam a vida dos protagonistas. A cada personagem são atribuídas peculiaridades que aumentam os limites da imaginação do espectador. Aliás, no site oficial do filme, é possível explorar cada um desses personagens.

marymax1

A trilha sonora também é suave, descomplicando todos os problemas que já tornam a vida dos personagens complicadas. Não espere características típicas de uma animação infantil. Os temas abordados são muito mais voltados ao público adulto do que às crianças. “Mary e Max” é uma obra-prima e possui a quantidade perfeita de humor e ingenuidade dentro de temas tão pesados em nossa sociedade atual. Se você nunca viu uma animação adulta, esse é o exemplo perfeito. É surpreendente o modo como uma história triste e tocante é levada para as telas de maneira tão digerível. Vale à pena!

Deixe seu comentário