"Lost: Pilot. Parte 1" - (2004-2010)
Artigo

“Lost: Pilot. Parte 1” – (2004-2010)

O desconhecido paira quando não reconhecemos nada ao nosso redor. Os gritos de socorro, a correria, as dores físicas dos machucados, tudo ao mesmo tempo. O plano sequência do abrir dos olhos, da selva e do chão à praia coberta de corpos, fuselagem, fogo e desespero, preenche o olhar de um dos personagens acerca daquela situação que o rodeava naquele momento. O casal coreano o qual no homem se tem a força e as decisões à serem tomadas; no rosto angelical e de sardas vemos um olhar triste e obscuro; nos cabelos ondulados de um homem bom temos o carinho e seu conforto a uma mulher grávida. Os personagens, cada um deles, tem uma história por trás, em seus passados. É tudo muito rápido no início de Lost.

A sensação de marasmo e de alívio é presente somente no corpo de um careca sorridente. Sua calma e seu estado de espírito está além do comum ali instaurado pelas consequências desastrosas de um acidente. A chuva quando cai remete à abrigo, porém a ele não, é uma benção dos céus, digno de abrir os braços, fechar os olhos e sorrir. A trilha sonora que acompanha os estragos junto ao acalento da água que enxágua o local é vibrante. Sua suspensão e reviravoltas junto ao suspense que plana no não conhecido, na dúvida e na incerteza do que realmente está acontecendo, ocorre de pouco em pouco. O barulho e os ruídos que a selva evapora é de tamanha força que mantém o medo constante na tripulação sem comandante e sem avião. É nesse momento que percebemos a ficção virar realidade, já que nossa atenção não se desvia do que ocorre, e  além disso, deseja mais pelo dessaber, pelas novidades.

Os grupos se formam aos poucos. Os afetos de conexão de um com o outro vão-se compondo uma vez que conseguimos identificar seus entes que os personificam. A correria pela floresta na fuga de algo e vindo de longe, representa perigo, tal fato retrata uma das características do enredo e das ações dos que ali fogem. Como seria estar nessa situação, isto é, alheio ao que já foi sua vida e ter que encarar o presente do que jeito que é? Numa sociedade, geralmente, temos líderes, governos, leis, regras as quais temos que seguir e obedecer, porém, e numa situação como esta, a ermo numa ilha deserta onde ninguém se conhece e as vontades e desejos estão à flor da pele? Em quem se apoiar? Em quem confiar? A chuva pára e o sol nasce de uma hora pra outra; a busca pelo colega de viagem torna-se questão de vida ou morte; as decisões de cada um ali gradualmente vão solidificando o que virá pela frente: a amizade, o egoísmo, o abandono, a traição.

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