Crítica: Alguém Qualquer

A proposta do filme “Alguém Qualquer” é falar sobre essas pessoas invisíveis, que trabalham nos diversos “serviços” espalhados por aí, de quem geralmente as pessoas não sabem sequer o nome. Roteirizado, dirigido e estrelado por Tristan Aronovich (que também assina a trilha sonora), o filme foi rodado com baixíssimo orçamento e sem qualquer apoio de patrocinadores ou leis de incentivo.
Zé bem que poderia ser um “Zé Ninguém”, mas esta expressão remete a alguém sem importância. E por isso o título “Alguém Qualquer” combina com o protagonista, que embora não tenha tido uma vida grandiosa, ainda assim é alguém.
Se questões técnicas podem ser deixadas de lado em função do baixo orçamento – e assim o foram, já que o longa conquistou importantes prêmios internacionais, como o do Festival de Beloit, cada vez mais importante – a atuação de Tristan merece aplausos pelo esforço, caracterização e intensidade com que ele deu vida ao Zé.
Na trama que acompanhamos, merece destaque a fotografia, principalmente nos momentos em que o protagonista segue de manhã, ainda escuro, sob uma luz fria da madrugada, para pegar o trem. E a repetição dos momentos em que ele acorda sob o barulho do despertador é importante para compreendermos a vida dele, embora o mesmo não se possa dizer dos excessivos fade outs e fade ins entre uma mudança de cenário e outra.

No fim das contas, “Alguém Qualquer” ocupa um espaço no cinema tal qual o do próprio Zé, protagonista. Parece ser invisível, imperceptível em meio aos barulhentos blockbusters gringos e às espalhafatosas comédias. No entanto, é de forma quieta e simples que consegue tocar algumas “Jandiras” sonhadoras.
3/5