Livro X Filme
“Não havia nada do verdadeiro Jack naquela voz petulante, que berrava e dizia disparates. Alternava tons baixos de autopiedade com gritos altos; lembravam-na os gritos deprimentes que ouvira na ala de geriatria do hospital onde trabalhara durante as férias de verão, quando era ainda estudante secundária. Demência senil. Jack não estava mais lá fora. Ela ouvia a voz irada e lunática do próprio Overlook.
O taco atingiu a porta do banheiro, derrubando um enorme pedaço do painel fino da porta. Um rosto meio louco e determinado fixou o olhar nela. A boca, faces e garganta estavam cobertas de sangue, o único olho que conseguia ver estava miúdo e brilhante” – “O iluminado” de Stephen King, p. 365.
Cena: “O iluminado” do diretor Stanley Kubrick, 1980.
Essa discussão não é de hoje. Desde que os filmes começaram a ser produzidos, inspirados em contos de livros, há pessoas analisando e discutindo a qualidade de tais adaptações.

Quando pegamos um livro, de alguma
Ao longo dos anos, diversas técnicas no cinema foram sendo desenvolvidas com a finalidade de adaptar melhor a linguagem. Como transmitir o pensamento de um personagem? Como 
Veja que, a priori, estamos tratando de uma situação relativamente simples, o trabalho consiste em adaptar uma história escrita (narrada) em uma história em vídeo. Contudo, precisamos nos atentar à arte. Esta produção cultural humana abrange temas e sensações que ainda não conseguimos compreender direito. De um lado, temos o artista que pensa, cria e elabora a sua obra; de outro, temos o sujeito (receptor), com outra história de vida, outras 
Portanto, você me pergunta: “legal Guilherme, e o que todas essas reflexões tem haver com a discussão entre livros e filmes? Afinal de contas, qual é o melhor?”; e eu te respondo: “Eu não sei qual é o melhor, mas essas reflexões tem tudo haver com a questão”.
Sem compreendermos o impacto da arte em nossas vidas, sem compreendermos as particularidades de cada uma das produções, se não olharmos o livro ou o filme a partir dele mesmo, nunca vamos 
É claro que é importante analisar a qualidade de uma produção, eu também faço isso constantemente, mas acredito que o fundamental não seja necessariamente a análise, mas sim, as emoções e sensações que elas evocam. Ao ficarmos abertos para imergir na história, conseguiremos aproveitar tudo o que ela nos tem a oferecer.