Crítica: Segunda Chance
Se há reclamações sobre o fato de filmes hollywoodianos ofuscarem a presença de produções brasileiras, imagine se considerarmos a quantidade de longas de alto nível de outros países que se restringem a poucas salas. Entre eles, estão os dinamarqueses.
A diretora Susanne Bier já se consagrou após diversos filmes excelentes, e não foge à regra com o novo longa. Estrelado por Nikolaj Coster-Waldau (que já deve ter o sobrenome “Lannister” adicionado ao registro), o filme conta a história de Andreas, um policial dinamarquês que vive um drama após confrontar seu próprio drama familiar com a falta de cuidados de um casal de viciados com o próprio filho ainda bebê.
Com uma direção segura e sucinta, Bier consegue questionar até que ponto podemos julgar alguém. O roteiro de Anders Thomas Jensen (parceiro de Susanne Bier em diversos filmes) é interessante justamente por abordar com calma cada um dos personagens. Todos são muito bem mostrados, tridimensionais e aprofundados. Os acontecimentos, gradativos, vão gerando uma tensão crescente ao mesmo tempo em que criam no espectador um sentimento de compaixão por todos, inclusive pelo maldoso viciado que abusa da namorada. Desta forma, o espectador se vê imerso em um envolvente thriller.
Após citar personagens, é impossível não elogiar as atuações. Já que o protagonista já tem seu talento conhecido por um público internacional, vale destacar May Andersen, Maria Bonnevie e Nikolaj Lie Kaas, todos excelentes.
É interessante notar como todos os personagens de “Segunda Chance” não são o que aparentam ser à primeira vista. Susanne Bier faz do filme uma forma de mostrar que todo ser humano é repleto de falhas, e todas elas estão fadadas a mudar após o processo de amadurecimento.
E se o final da projeção parece otimista, ao menos não soa simplista ou piegas. É como se o filme nos lembrasse que as atitudes erradas, quando bem intencionadas, merecem uma segunda chance.
4/5