Crítica: O Voo do Dragão – 1972 (parte 1 de 2)
Já fazem dois anos que escrevo por aqui no Cinem(ação). E ao longo deste tempo, percebi que o Cinem(ação) é a descrição de minha jornada de entendimento sobre cinema. E cada vez mais vejo que tenho que deixar de lado o “fanboy” para falar de forma mais neutra possível.
O Voo do Dragão (em inglês “Way of the Dragon” e no original em chinês 猛龍過江 de 1972) foi um filme de baixo custo que rendeu 85 milhões de dólares. Mas o custo foi demasiadamente baixo. Para começar, o diretor, protagonista e roteirista é o próprio Bruce Lee. As locações são bem simples, os cenários também, onde os mais complexos são vias públicas da cidade de Roma.
Outra coisa que indica um baixo custo do são as cenas iniciais das paisagens de Roma. Elas são imagens muito desfocadas. Desfocadas mesmo. Nem os poucos filmes “B” que já ouvi falar tem uma falta de foco como estas. Além
disso, a pós produção do filme é fraca, pois as cenas não possuem sons de fundo, nem uma música, e em vários momentos o silêncio impera e a sensação é de assistir o filme é estranha.
Além disso, existem coisas desnecessárias no roteiro. Um exemplo disso é a cena que mostra um bela italiana (interpretada por Malisa Longo, atriz que fez muitos “Bang Bang à Italiana” e “comédias à italiana” que em inglês ficou conhecido como “Commedia sexy all’italiana”) tentando seduzir Tang Lung (papel de Bruce Lee). Ela acaba levando o “honrado chinês” para um quarto, fala duas frases (“Sente-se” e “Sinta-se como estivesse em casa”) e tira a roupa para ele. Como Tang Lung é um chinês honrando, ele sai correndo do lugar. ESta cena rouba um pouco a visibilidade que Chen Ching-hua (personagem de Nora Miao, uma das maiores atrizes dos filmes de Hong Kong na década de 70) e reforça a promiscuidade do ocidente. Aliás, se analisar bem, muitas cenas do filme mostram as dificuldades que um chinês tem no louco mundo ocidental. Acaba se tornando massante. Era para ser engraçado… mas a graça demora um pouco para aparecer, o que estraga o propósito.
Mas o filme tem seus méritos. É um filme de ação. Um dos primeiros do gênero. Mostra lutas, alguma comédia, algum romance, e uma história bem simples. Além disso, este filme lançou Chuck Norris como ator (na época ele já era 7 vezes Campeão Estadunidense de karatê), que falou apenas uma frase em todo o filme (“Bob é meu aluno”). De forma geral é um filme bem simples, que se resume à: “Existe um problema, e Bruce Lee resolve o problema utilizando seu kung-fu”. Tem seu mérito. Mas se você não gosta do gênero, você terá que ter alguma paciência com este filme.