Crítica: Horns
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Crítica: Horns

Horns_DanielRadcliffe_posterRecentemente lançado no Netflix com o título de “Amaldiçoado“, sendo que nos cinemas ele chegou como “O Pacto“, o filme de Alexandre Ajas chamou a atenção por ter sido um dos primeiros longas que Daniel Radcliffe buscou para livrar-se do estigma do bruxo que viveu por mais de 10 anos.

Trata-se, no entanto, de um interessante longa-metragem que ousa ser bastante original. E muito disso se deve ao escritor do romance no qual se baseia, o jovem Joe Hill – escritor conhecido por ser filho de Stephen King, que percorre o mesmo gênero literário ainda que não tenha adotado o sobrenome do pai.

Na história de “Horns“, Radcliffe vive Ig, um jovem apaixonado pela delicada Merrin (Juno Temple). A jovem amada acaba sendo brutalmente assassinada e Ig se torna o principal suspeito. Inicialmente sem esperanças, ele passa a investigar a história toda assim que percebe seu poder de persuasão e “leitura de mentes” adquirido junto com o surgimento de chifres em sua cabeça. É neste momento que o filme começa a ficar cada vez mais absurdo e, gradativamente, ainda mais soturno.

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Embora alguns possam argumentar que “Horns” não sabe qual o tom que deseja ter, é possível entender a forma como o diretor (e a história original) tenta traçar um caminho entre o drama, o thriller, a fantasia e o terror/gore, de forma a criar até mesmo um crescimento na tensão e na forma como o protagonista descobre o que acontece.

Se as atuações estão boas e Radcliffe consegue dar uma carga emocional interessantíssima ao protagonista – assim como Juno Temple traz um ar angelical à sua personagem – o grande problema do filme é a forma como trabalha com os flashbacks: o recurso poderia ter sido utilizado de forma mais interessante caso o fizesse de forma objetiva, mas o diretor opta por lembranças arrastadas e que tiram o ritmo e foco da narrativa. Por exemplo: em determinado momento, Ig está brigando com seu irmão e passa a “ler a mente” dele, mas a lembrança à qual o espectador é levado se demora tanto que já perdemos a urgência da briga entre ambos. No flashback mais longo do filme, a infância de Ig é mostrada entre dois momentos de grande destaque para o humor de uma situação bizarra (apenas possível pelos “poderes” dos chifres), mas a lembrança do passado tira muito a força humorística da relação entre dois personagens secundários.

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Por falar em humor, o filme sabe lidar bem com as situações absurdas relacionadas ao chifre que nasce na cabeça de Ig, beirando até mesmo o surreal, já que as pessoas pouco se importam ao perceberem tal bizarrice. Além disso, o longa ainda insiste em, no terceiro ato, arrastar-se um pouco para mostrar o epílogo da trama, mesmo que seja interessante que a interpretação dos acontecimentos fique à cargo do espectador, já que não fica totalmente claro o verdadeiro significado e a simbologia das ocorrências sobrenaturais.

No fim das contas, “Horns” traz uma interessante trama sobre o amor e a maneira como o bem e o mal estão dentro de nós, ainda que muitas vezes o que é considerado bom pode não ser realmente bom, e o considerado ruim pode ter seu lado positivo.

 

3/5

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