Crítica: Velozes e Furiosos 7
É com uma bela ironia que Brian O’Conner (Paul Walker) diz ao seu filho “Carros não voam”, e repete a frase em uma das cenas mais exageradas de “Velozes e Furiosos 7“. E é com a mesma ironia usada para criar as cenas impossíveis que o longa também conquista o espectador. É como se o filme não se levasse a sério, ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, o filme se leva a sério. E por ter encontrado este limite tão difícil, ele já merece os parabéns.
Em “Velozes e Furiosos 7”, a sonhada aposentadoria de Dominic Toretto (Vin Diesel) e seus amigos (ou melhor, família) precisa ser adiada após a chegada de Deckard Shaw para infernizar a vida de todos a fim de vingar a morte de seu irmão.
Quando Jason Statham aparece pela primeira vez, em sua estreia na franquia atípica da Universal Pictures, já sabemos quem ele é: Jason Statham! O mesmo ocorre quando Kurt Russell e Tony Jaa surgem na tela. E tudo fica ainda mais claro quando vemos a maneira macarrônica com que a trama se desenrola: há um inimigo, uma missão no meio da trama para que ele seja rastreado, seguida de um momento em que os dois vilões se juntam, com uma explicação sucinta baseada em uma frase feita.
Aliás, o filme está cheio de frases feitas, que muitas vezes só não soam mais absurdas que a maneira como Hobbs (Dwayne Johnson) remove o gesso do seu braço ou tira um bloco de concreto de cima de um carro após uma das infinitas explosões do filme.
É justamente pela maneira como o filme ocorre que ele é levado na brincadeira. É como uma música brega repleta de rimas pobres e um teclado simples, mas que no contexto se torna divertida. Mesmo com a câmera do diretor James Wan, que gira irritantemente, e mesmo com frases retiradas de uma novela malfeita (“granada!”, grita um homem pouco antes de uma explosão matá-lo), o filme diverte.
E a despedida de Paul Walker faz com que, além de tudo, o filme não seja simplesmente mais um produto do entretenimento esquecível, e sim uma bela homenagem.
3/5