"Beauty Is Embarrassing" (2012) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Artigo

“Beauty Is Embarrassing” (2012)

O que seria criar? A criação seria como uma virtude do ser humano que nasce com um dom e a partir dele os quadros, as pinturas, os desenhos, as animações surgem de suas ideias? Acredito que o conhecimento vem das experiências adquiridas em vida, em sociedade, do gosto pessoal, das descendências familiares as quais talvez possam de alguma forma intervir nesse meio criador e influenciar o caminho desse futuro artista. A vontade de criar algo vem do desejo do novo, da inquietude do conformismo com o senso comum, então, a novidade não é apenas um algo exterior àquilo que já existe, ou seja, à realidade, porém um conteúdo que provém da realidade através de distintas formas, meios, caminhos aquém do que seria considerado normal, usual, corriqueiro ou pelo contrário, é tão simples e banal que para quem vê, é algo surpreendente mas não passa de ser um espelho daquilo que não damos importância no dia a dia ou não damos a devida atenção.

O ato criador é diferente do produto criado pelo artista sem mencionar a repercussão que tal obra, se é que podemos chamar um produto artístico assim, tal como nomear-lo como “produto”, porém o que vem a ser interessante é o olhar social diante dessa arte, o rótulo de “bom”,”ruim”, “belo”, “feio”. Seria a arte o início de um questionar-se, uma crítica ao bem estar social, ao modo de vida, à política? Talvez sim, mas não necessariamente. O criador pode fazer o que bem entender, criar sem barreiras, sem limites, estes os quais geralmente são dados pelos críticos de arte, isto é, são eles que tem o poder de intervir entre o artista e seu público e dizer se àquilo deve ser consumido ou não, aliás, a arte é um objeto de consumo ou deve ser considerada como tal? Há muitas questões acerca do que vem a ser uma obra de arte intelectual ou não, do que vem a ser entretenimento ou não; muitos criticam o ato de entreter como algo ruim, não aceitável artisticamente, ou melhor dizendo, que não seria considerado arte, entretanto, seria plausível nos perguntarmos: existe alguma forma de arte, impreterivelmente, crua, nova? Difícil afirmar algo do tipo, já que as criações não vêm do nada, elas surgem de algo já visto, ouvido, sentido e assim, a partir daquilo que existe, a criação entra em ação e traz o novo a partir do real já existente, mas o que importa realmente, é a sinceridade com a qual o artista trabalha seu emocional e sua criatividade, é desta forma que ele cria a sua forma de arte e o observador consegue vislumbrar essa beleza interior, essa emoção, a criação em si.

É muito bacana quando o ato de criar se desvencilha do real e se instaura numa outra realidade, numa outra esfera de vida e assim bonecos, vozes, imagens, novas vidas então são criadas – como um sofá que fala, como um boneco cansado com olheiras que toca baixo e com sua voz lenta e grave nos deixa atentos, apreensivos com sua imagem, fazendo com que nosso real por alguns segundos seja aquilo, seja ele, o boneco que toca um instrumento musical e que nos atrai de certa maneira. Dirigido por Neil Berkeley, Beauty Is Embarrassing é um documentário sobre a vida e carreira de Wayne White, que de cartunista passou a ser o criador de uma série cômica de televisão norte americana (Pee-Wee’s Playhouse). Tal filme é um conto sobre o que a arte tem em comum com sua vida pessoal, de como ele lidou e ainda lida com seu sucesso, como avalia os críticos de sua arte a qual é criar humor a partir das virtudes e vicissitudes humanas, como o ego e a fama que ele adquiriu com suas criações.

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