Crítica: Confissões de Adolescente

Ao contrário dos filmes lineares que Daniel Filho dirigiu, como “Chico Xavier”, este longa consegue absorver a vantagem de uma direção acostumada mais com a TV que o Cinema. Afinal, trata-se de uma trama recheada de personagens e situações diversas que exigem uma visão mais episódica, diferentemente do que Laís Bodanzky fez com “As Melhores Coisas do Mundo” – filme com um tom diferente, mas que compõe uma interessante conversa temática, já que ambos são crônicas da classe média adolescente brasileira.
Em “Confissões de Adolescente”, o pai solteiro Paulo (Cássio Gabus Mendes) tem problemas financeiros e passa a contar com a ajuda das quatro filhas, que aceitam economizar o que for preciso para não mudar de bairro. Assim, o filme gira em torno de quatro momentos diferentes em que estão cada uma das irmãs: Tina (Sophia Abraão) está na faculdade e começa a amadurecer seu relacionamento e sua vida profissional; Bianca (Isabella Camero) precisa lidar com brigas de amigas e incertezas sobre faculdade e sexualidade; Alice (Malu Rodrigues) faz de tudo para perder a virgindade com o namorado; e a pequena Carina (Clara Tiezzi) vive seu primeiro romance.

O longa ainda encontra espaço para contar uma história em formato de flashback, e o diretor se mostra inteligente ao não gritar para o espectador que se trata do passado de Tina, apenas sugerindo isso com diálogos interessantes, como: “Você tem Orkut, ou já foi pro Facebook?”. Mostrar corpos nus e usar imagens malucas para falar da primeira vez (e do primeiro orgasmo) também mostram que os diretores não tiveram muito receio com os “pudores” de quem estabelece a classificação indicativa das salas.

Assim sendo, poderíamos dizer que esta versão de “Confissões de Adolescente” é uma Malhação melhorada e com seios, embora possamos também afirmar o mesmo que afirmei na crítica de “As Melhores Coisas do Mundo”: o filme “faz com que queiramos voltar a ser adolescentes – ou pelo respeitemos mais essa fase da vida”. Mas o longa é também uma espécie de bagunça: nos remete à adolescência, apresenta como são as meninas e os meninos de hoje, mostra de tudo, cita muita coisa e diverte… e essa bagunça de referências combina bem com a canção de Djavan que entoa os créditos finais.