“Victoria”, 2h20 de uma sequência sem cortes.
Todo grande festival de cinema costuma contar com alguma produção controversa, daquela que desperta paixão ou raiva nos críticos e nos espectadores. O 65º festival de Berlim já tem pelo menos um desses filmes extremos: o alemão Victoria, dirigido por Sebastian Schipper.
O mais impressionante na história de 2h20 é o fato de ter sido filmada em uma sequência única, ou seja, a câmera inicia o seu movimento e só se interrompe 140 minutos depois. Enquanto isso, as imagens acompanham a espanhola Victoria (Laia Costa) e uma noite incrível em Berlim, quando se diverte em bares, cruza com um quarteto de amigos carismáticos e perigosos, envolve-se em crimes, talvez conhece um novo namorado…
A produção é realmente impressionante, afinal, deve ter sido difícil orquestrar tantos deslocamentos de câmera e de atores. Para ajudar, os enquadramentos são belos, a fotografia trabalha muito bem as luzes naturais e o ritmo é agradável para o espectador. O roteiro, no entanto, causa menos impacto: a partir de uma primeira metade naturalista e dramática, Victoria envereda pelo cinema de gênero, tornando-se um filme de gângsteres pouco original.
O público do festival saiu dividido: alguns valorizaram a técnica, outros reclamaram que a estética não deveria se sobrepor ao conteúdo.