“Sonic Highways” – 2014

Desde o falecimento de Kurt Cobain aos seus 27 anos e o fim do Nirvana, Dave Grohl, segundo baterista da banda, permaneceu como músico, apesar dos pesares. Contudo, após um ano da partida de seu amigo e parceiro de banda, dizendo um breve adeus às baquetas e de sua bateria branca e preta, recomeçou sua carreira artística, mas agora como cantor e compositor de sua própria banda: Foo Fighters. Por um longo período, o ex-baterista do Nirvana teve que conviver com o fantasma de seu amigo, o qual permaneceu rodeando sua vida acerca tanto da sua nova função como cantor tanto quanto de sua música, já que o frontman do Foo Fighters, mesmo com seu primeiro LP lançado, em suas entrevistas, respondia questões referentes à sua relação com Kurt Cobain, como por exemplo, sobre suas inspirações para suas criações, assim como, o quanto era importante para ele ser integrante de uma das bandas mais famosas dos anos 90 e como isso o teria ajudado a agora estar nos palcos novamente liderando uma nova banda.

O Foo Fighters desde o lançamento do seu sétimo álbum, Wasting Light, vêm inovando na forma pela qual produzem tanto quanto criam suas canções. Neste caso, todas as faixas foram gravadas em seu estúdio em Los Angeles, o qual dispensando a tecnologia digital, conseguiram aproximar, como antigamente, suas músicas de seus ouvintes e fans. Isto não quer dizer que seus outros álbuns afastam quem os ouvem, contudo, a forma na qual este último fora gravado, em rolo, ou seja, sem a ajuda de alguma ferramenta digital a qual a partir de qualquer erro dos músicos assim os consertaria de forma exata e perfeita; no erro, aqui então, era preciso gravar de novo, do inicio. Foi desta forma que Dave Grohl passou a inovar na sua forma de fazer música. Neste ano de 2014, o Foo Fighters inovou novamente, mas agora de uma forma distinta. A partir de algumas cidades escolhidas pela banda, assim construiriam  seu novo e oitavo álbum da banda, o Sonic Highways – além de filmar todo seu processo de criação. A inspiração viria a partir de regiões diferentes dos Estados Unidos, de entrevistas, conversas com músicos da região, com bandas que um dia tentaram viver de música, como também de músicos que ainda vivem da arte. O prelúdio para que Dave passasse a criar suas letras e assim musicando-as, transforma-las em canções que soassem como o Foo Fighters, partiu de palavras, conceitos, ideias, ideologias de pessoas distintas, com pensamentos diferentes umas das outras tanto quanto de regiões diversas, umas no sul do país, outras do centro, como também do norte.

Dividido em formato de série (HBO), ou seja, em episódios, cada um deles representa tanto uma das músicas quanto leva o nome da cidade a qual levam esse bate papo com pessoas da região e assim compõem uma música. O primeiro episódio por exemplo chama-se Chicago, e foi o local da composição da primeira faixa: Something From Nothing – que em minha opinião, é a melhor do disco. Além de ler, ouvi também muitas críticas à respeito do formato no qual Dave Grohl junto de sua banda compuseram seu novo LP, como a documentação, num formato de documentário ou de uma série, ser apenas uma forma de promoção da banda como do disco em si para assim conseguirem mais publicidade. Realmente não vejo com tais olhos, já que uma banda como o Foo Fighters não precisa de tais atalhos, assim como, olhando por outro lado, é muito interessante suas letras, suas inspirações virem de pessoas diferentes, umas conhecidas do público, outras não, isto é, além de ouvir, conhecer, estarmos conectados com um universo desconhecido, podemos ver o quanto Dave é artista ao ponto de compor suas músicas de formas distintas, em lugares novos e tentar o novo. Só de não cair na mesmice da criação apenas esta por existir, ou seja, criar por criar, é de se elogiar um trabalho que leva um criar à criar mais, um novo gerar um novo, não estagnar-se como artista e pelo contrário, inovar, sempre.