Cinem(ação) na CCXP - A grande diferença entre a cultura pop para americanos e brasileiros
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Cinem(ação) na CCXP – A grande diferença entre a cultura pop para americanos e brasileiros

É curioso que as palestras mais interessantes da Comic Con Experience tenham sido as menos lotadas. Tratam-se das apresentações da CCXP Business Summit, um evento dentro da convenção que visa reunir líderes, executivos e criadores em debates e mesas redondas para falar sobre questões relacionadas ao mercado.

No sábado, dia 6 de dezembro, ocorreu a palestra em formato Q&A (perguntas e respostas) com o Concept Designer Neville Page e o CEO da New York Comic Con, Lance Fensterman.

Comic Con Experience - CCXP Business Summit - Foto: Daniel CuryO foco do debate era falar sobre a diferença entre o Mercado Brasileiro e o Mercado Americano de Cultura Pop, mas a conversa acabou tomando outros rumos.

Experiente no mundo do entretenimento como profissional que contribuiu para projetos como “Avatar”, “Star Trek”, “Planeta dos Macacos” e “Minority Report”, entre muitos outros, Neville Page procurou dar ênfase ao fato de que não há grandes diferenças entre o público geek dos Estados Unidos e do Brasil.

O profissional, que já esteve no Brasil diversas vezes para ministrar workshops, apresentou o conceito “Nature X Nurture”, que entende o ser humano como alguém que adquire características naturais e qualidades oriundas do ambiente, com base na vivência de cada um. Apesar de não ser realmente profundo nesta apresentação, Page resvalou no debate sobre o bullying e o fato de que a sociedade nos força a um comportamento específico. Ele termina concluindo que eventos como a Comic Con permitem que um grupo específico da sociedade pode se comportar, pelo menos durante alguns dias, como deseja, sem sofrer julgamentos por parte das pessoas. “Estas pessoas estão fazendo o que elas querem fazer: e é muito importante não julgá-las, porque o julgamento pode acabar com os sonhos da pessoa”.

Quando a discussão começou a tratar da indústria de Hollywood, o executivo Lance Fensterman comparou os filmes blockbusters com lanches de fast food, em oposição aos longas independentes de outros países, que seriam os restaurantes mais sofisticados. “Quando você come um McDonald’s, você sabe o que vai receber, sabe o gosto que terá, e sabe que a comida vai descer, mas ele não é necessariamente bom com tanta frequência”.

Comic Con Experience - CCXP Business Summit - Foto: Daniel Cury

Fensterman também falou sobre a importância dos eventos da Comic Con para estimular e motivar a comunidade geek nos países, o que também influenciaria a cultura local. Ele também fala sobre o fato de que todas as Comic Cons ao redor do mundo são comandadas por equipes locais, o que ajuda a refletir em cada evento as características de cada país ou região.

No fim das contas, o debate deu a impressão de que a diferença entre tantos países seria mínima. Os americanos lidam com os eventos como grandes estruturas para manter e incentivar a mesma indústria da cultura pop. No entanto, uma verdadeira lição estava para ocorrer a todos nós, especialmente a mim, que sentia a falta de valorizar um pouco mais as idiossincrasias culturais de cada país, e falar sobre isso – mesmo que não seja algo valorizado pelos americanos, que preferem introduzir seus produtos sem promover algum tipo de troca. Eis que surge na sala, pronto para a homenagem que receberia logo em seguida, nosso querido Maurício de Sousa, pai da Turma da Mônica. Ao ser a anunciado, as palmas emergiram intensamente no auditório, com uma energia que não se vê em qualquer lugar. Afinal, que brasileiro não aplaudiria Maurício de Sousa?

Saí de lá feliz, sabendo que pelo menos aqueles dois americanos aprenderam, em uma lição rápida e clara, que o Brasil tem seu universo próprio da cultura pop, que merece tantos aplausos quanto os produtos da cultura pop americana.

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