“Relatos Salvajes” – Relatos Selvagens (2014)
Tudo começa na escolha do filme e na ida ao cinema. Compramos o bilhete, esperamos alguns minutos, às vezes compramos nossa pipoca e uma bebida, ou não, e a espera se dá conjuntamente com a novidade e com a ansiedade do que estará por vir. Sentamos na poltrona e começamos a ver o trailer do filme que escolher para ver, e neste caso, foi Relatos Selvagens do diretor Damián Szifron. Geralmente esperamos algo diferente e surpreendente quando nos interessamos por uma história, lemos uma sinopse ou mesmo sem a ler, criamos algo em nossas mentes que nos levam a imaginar o cenário do enredo que nos será relatado. É chocante quando sentamos nas poltronas dos cinemas, o clima se estabiliza, a tela liga e as imagens começam a se dar por completas e começamos a assisitir àquilo que nos intrigou a ver. Não tenho a intenção de contar o que ocorre no filme ou coisa do tipo mas ao nos depararmos com às imagens, com os personagens, com a forma pela qual o diretor escolheu nos dar ou melhor dizendo, nos passar alguma informação, mesmo que tal não tenha tamanha importância, contudo, o fato de ao vermos algo e o que nos deparamos com nossos olhos nos choca, nos comove, nos faz pensar à respeito, nos faz mudar de posição na cadeira do cinema ou mesmo, nos deixa paralisados com os olhos atentos na tela, é porque tanto a história como o filme em si, é bom. Difícil discernir o que é bom ou não, é uma mera questão de opinião, mas fácil demais se afastar do dizer o que pensa no que concerne ao atingir, ao alcance que o filme tem para muitas pessoas ao mesmo tempo e espaço e dizer que todos ali presentes vendo as mesmas imagens, não saibam o que estão vendo, ou que aquilo seja algo ruim. A humanidade é tão simples e tão complexa ao mesmo tempo que nem sempre conseguimos definir o que vem a ser o humano ou o que nos leva a fazer alguma coisa quando Homens. O que nos leva a fazermos algo em detrimento do outro? O que seria à intuição para nós quando nos encontramos em situações estranhas, isto é, não corriqueiras, não cotidianas? O comportamento humano em certas ocasiões pode ser diferente, não há um padrão para o ‘comportar-se em tal momento’. O viver em sociedade, sim, nos dá um caminho ou ‘regras’ as quais nos dispomos a segui-las mesmo sem o nosso total consentimento, é em prol da maioria que nos acomodamos e nos deixamos levar pelas leis da civilidade mas e quando nos vemos à beira de um ataque de nervos o qual nos deixa de tal forma afastados de nós mesmos, ou nos aproxima do nosso eu; o como lidar com tal fato é uma questão muito importante para se levar em conta. O mais interessante é o que imaginamos sobre o que faríamos se nos encontrassemos presentes numa situação hipotética, àquelas as quais seriam muito raras de acontecer, contudo, elas podem acontecer. Pensamos em nossas ações, nas nossas falas, nas nossas atitudes, em como poderíamos lidar com aquilo que nos têm como personagem em sua trama, ou seja, nos encaixamos, nos adequamos àquela história fictícia. Foi o que senti à respeito desse filme: O que eu faria naquele dado momento? Será que eu agiria muito diferente dos personagens os quais vi na tela do cinema ou seria eu mais cauteloso, mais paciente ou mais raivoso, estérico. Pensei muito nisso quando acabei de ver Relatos Selvagens, e acredito que muitas pessoas tenham pensado o mesmo. Considero tal película uma articulação do pensamento com nossas ações mais banais em vida ou mesmo àquelas que jamais pensaríamos em cometê-las contudo, gostaríamos muito de torná-las reais, vivas, mas o senso comum, nossa consciência nos impede, nos bloqueia, nos afasta de seguirmos nossas vontades em detrimento do bem estar e do bem viver em sociedade.