Crítica: O Protetor

Em “O Protetor“, que adapta uma série de TV de 1980, Denzel Washington vive Robert McCall, um homem que viveu um passado misterioso e que tenta manter uma vida tranquila, mas acaba se afeiçoando por uma jovem prostituta (Chloë Grace Moretz), que sofre nas mãos de uma gangue ligada à máfia russa. A partir de então, ele terá que enfrentar os bandidos com suas incríveis habilidades de luta e espionagem.
Seria inevitável, até mesmo pela origem da história, que o filme não fizesse referência aos típicos longas de ação dos anos 80. No entanto, em vez de fazer uma homenagem, o roteiro e a direção acabam se rendendo aos clichês, por mais que funcione como entretenimento aos que buscam divertidas cenas de luta.
Quanto aos personagens, o filme não apenas os mostra com características exploradas exaustivamente no gênero, como também não se aprofunda nem mesmo no que é apresentado. O que temos, no fim das contas, é uma série de personas unidimensionais. Há uma tentativa maior de se aprofundar em McCall, já que vemos os livros que ele lê e algo sobre seu passado, mas não o suficiente para que o espectador se importe com ele. Aliás, o fato de ele não se mostrar em perigo em nenhum momento da projeção apenas reforça tal sentimento. O mesmo pode-se dizer da jovem Alina (Moretz), que se limita a uma jovem sonhadora que veio a se prostituir sabe-se lá por qual motivo. Se o roteiro não ajuda, ao menos os atores se esforçam para carregar seus personagens de verdade – até onde podem.
Em relação aos vilões, eles não apenas são vagos, como possuem características clichês. O simples fato de serem russos já sugere que o roteirista nem sequer pensou em mudar este fato do material original, já que esta nacionalidade de vilões era bastante conveniente aos americanos no período da Guerra Fria. No entanto, embora a máfia russa pudesse servir justamente como uma forma de desconstruir a visão dos criminosos, seria minimamente aceitável se o filme tomasse esta escolha como algo que criticasse ou brincasse com a situação.

Considerando que Antoine Fuqua foi responsável por um filme de peso dramático muito mais eficiente, como foi “Dia de Treinamento”, é uma pena que este “O Protetor” funcione apenas como entretenimento raso. E tudo fica mais triste quando vemos que trata-se de mais uma tentativa de criar uma franquia.

