‘Leve-me para sair’: E as interrogações do ‘MITO GAY’.
“Mito me transporta à Grécia, mas lá o herói podia ser passivo”.
Com certeza em algum momento da história progressista da humanidade, desviamos o caminho e nos encurralamos na rua sem saída da intolerância.
Em tempos onde…
– A Causa Gay (que na verdade é – ou deveria ser – uma causa de todos!) se tornou uma das principais pautas da corrida presidencial.
– A criminalização da homofobia se revela uma medida “urgencial”, que não pode esperar novas manchetes de crimes hediondos, como o que vitimou o jovem João Donati para ser implantada.
… Precisamos destacar iniciativas que fazem ecoar o grito de igualdade, especialmente as produções audiovisuais independentes que ousam colocar a fita na ferida, e contribuem de maneira contundente na desconstrução do mito e na desmistificação dos tabus, criados em alicerces com raízes fincadas nos preconceitos e estereótipos.
O documentário produzido pelo Coletivo Lumika (http://www.lumika.art.br/) retrata um grupo de adolescentes gays de São Paulo e suas visões de mundo.
Os depoimentos dos 10 jovens na faixa etária de 16 e 18 anos evidenciam os questionamentos e as incertezas inerentes da juventude contemporânea, e refletem o discurso de muitos jovens (paulista ou não), sobre questões dessa fase da vida onde temos vontade de TUDO e certeza de NADA.
Questões como a descoberta da sexualidade e a formação identitária se entranham com o “como lidar com o preconceito?”, “o que fazer com o terceiro olho?”, “como reagir ao julgamento alheio?”.
“Questões que me transportam a minha juventude… Mas lá eu tinha ‘medo’ dos heróis gregos…”
Outro acerto do coletivo paulistano é não fugir dos assuntos polêmicos, e que desembocam nos estudos científicos, nas análises de comportamentos sociais e na psiquê humana a partir do prisma de quem é diferente e de quem testemunha essas diferenças.
A tríade Condição – Orientação – Escolha é polêmica e divide opiniões.
Ser gay é opção mesmo? Temos o livre arbítrio ou já nascemos condicionados a tal predileção?
E o que falar dos rótulos e suas limitações?
As inúmeras nomenclaturas caminham na tênue linha entre o tratamento afetuoso e o pejorativo.
– Viadinho, bicha, boiola, gay… Sapata, sapatona, lésbica… Gays…
A presença da voz feminina nos quase vinte minutos de divã, me fez atentar para um paradoxo existente na relação homoafetiva entre dois homens e entre duas mulheres. Enquanto a primeira é mais ‘comum’ (em números) e mais ofensiva (com a sociedade), a segunda é menos destacada, porém se faz menos agressiva aos olhares. Por que, se os MITOS eram HERÓIS?
Sair do armário é encontrar nosso próprio herói da mitologia. E melhor que ter a coragem de fazê-lo, é quando encontramos alguém para nós levar.
“O ‘sair’ permite inúmeros complementos, vários objetos…”