Crítica – Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário
Os Cavaleiros do Zodíaco tem sua importância na televisão brasileira pois, abriu as portas para os grandes sucessos dos animes no Brasil. O anime baseado no manga de Masami Kurumada em seus vinte anos de história já esteve nos cinemas em três filmes em desenho (Saga de Abel, Saga de Lúcifer e Prólogo do Céu) e agora chega aos cinemas em sua estreia ao universo da computação gráfica.
Como todos os grandes desenhos, séries, quadrinhos/manga os Cavaleiros do Zodíaco tem várias sagas, grandes arcos de história, sendo um dos meus conhecidos e interessante sendo a “Saga do Santuário”, onde os cinco protagonistas que vestem armaduras de bronze tem que galgar doze casas do zodíaco guardadas pelos maiores cavaleiros de todos até o salão do grande mestre, tudo isso em 12 horas para salvar Saori Kido, a reencarnação da Deusa Athena na Terra.
Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário tenta em seus 93 minutos apresentar os personagens e mostrar toda a saga das 12 casas, mas peca sofrivelmente nesse intento. O filme traz efeitos visuais excelentes, a representação dos poderes é empolgante, tudo isso parte da equipe de efeitos especiais, mas o grande problema é no roteiro fraco, erros de continuidade e na super infantilização dos personagens.
No início temos uma introdução com uma batalha bem orquestrada em uma outra dimensão até vir para a Terra, esse começo aliás é exatamente da forma que eu e muitos espectadores (que tive a oportunidade de conversar depois do final do filme) imaginaram. Porém depois o filme avança dezesseis anos e os problemas começam.
A primeira personagem a quem somos apresentados é a jovem Saori Kido, e seu mordomo Tatsumi em uma limusine conversando, nisso o mordomo simplesmente fala que ela é a reencarnação de uma deusa com a maior naturalidade como quem fala que a pessoa tem horário marcado no dentista. E a personagem aceita isso na hora!
O filme tem diálogos rasos, sendo que todas as conversas são curtas, sem grandes explicações ou fundamentos ou os personagens se dirigem uns aos outros como se conhecessem a muitos anos, mas esquecem de explicar isso ao elemento principal: o público!
Na apresentação dos quatro cavaleiros principais (Seiya, Shiryu, Hyoga e Shun) temos uma boa cena de ação e temos uma nova forma de invocação de armadura. Agora elas não ficam nas urnas (chamadas Pandora) e sim em pingentes que depois se transformam em grandes placas e pronto.
Nessa cena eles enfrentam alguns outros cavaleiros, que não se identificam, mal explicam por que estão atacando Saori. Uma das características interessantes do anime/manga é que os cavaleiros do zodíaco eram divididos de acordo com suas armaduras. Os de bronze são considerados os mais fracos, os de prata são os intermediários e finalmente temos os doze cavaleiros de ouro com poderes equivalentes aos dos deuses. A diferença de poderes entre os cavaleiros de bronze e ouro teoricamente é imensa, mas no filme todos parecem ter o mesmo nível, sendo os cavaleiros de ouro apenas mais rápidos e só!
Com uma explicação rasa eles decidem ir para o santuário. Ah o Santuário! No anime/manga o Santuário fica localizado na Grécia no meio de ruínas cercado por vilas, lá é onde estão as 12 casas do zodíaco e o salão do grande mestre onde a reencarnação de Athena reside. Porém, não sabemos o que os roteiristas fumaram, mas o Santuário fica em uma outra dimensão que parece uma mistura do Planeta Capital Coruscant (Star Wars) com Asgard( Thor), além de simplesmente mostrar o Grande Mestre, os doze cavaleiros de ouro e uma multidão sem rosto que ficamos sem entender quem é o povo que mora por lá.
Na cena em que aparece o grande Mestre discursando e os cavaleiros de Ouro ao seu redor e uma garota representando Athena, depois a garota simplesmente some sem qualquer explicação de quem seja e de que forma ela faz para se parecer com Saori sem nunca tê-la visto. Problema recorrente do filme, personagens aparecem e desaparecem sem grandes explicações.
Agora o filme começa a despencar ladeira abaixo é na tal corrida através das 12 casas. Inicialmente não é mostrada as 12 casas, sendo mostradas apenas 7 casas e as batalhas épicas que tanto empolgavam os fãs é extremamente frustrante. Os cavaleiros de ouro deixam os heróis simplesmente passarem ou então são derrotados com apenas 1 golpe LITERALMENTE!
Agora o maior fiasco do filme ocorre na casa do Cavaleiro de Ouro de Câncer! Outrora um sádico assassino (o nome dele é Máscara da Morte!) ele foi reduzido a uma versão afetadíssima do pirata Jack Sparrow com direito a um demorado e embaraçante show de luzes e canções ao pior estilo vilão Disney, antes onde haviam cabeças decepadas agora temos cabeças coloridas e cantarolantes. Aliás o filme todo é muito infantil, e parece fazer sempre uma paródia de si mesmo, não se levando a sério.
Uma coisa importante em qualquer filme é a continuidade da cena, ela deve começar em um lugar e ir para o outro, mas isso não existe neste filme. O filme apresenta uma grande colcha de retalhos intercalando cenas de ação, diálogo e outras coisas sem sentido o tempo todo fazendo o público não conseguir realmente acompanhar cada uma das cenas.
Em resumo o filme é uma tentativa de homenagem, os personagens tem os mesmos nomes, golpes, vozes (a versão dublada é primorosa), porém as liberdades criativas foram de péssimo gosto e reduz essa grande história com conceitos de mitologia greco-romana, astrologia e superação em uma aventura sem muita urgência, sem uma ameaça real e com piadinhas o tempo todo como um desenho mais simplório e infantil ou seja uma triste tentativa de homenagear um grande clássico!