O Senhor dos Anéis
por Rodrigo Stucchi
O que é preciso para fazer de um filme 5 estrelas? Bom, no caso de “O Senhor dos Anéis”, foi necessário três filmes para que a crítica se rendesse à qualidade da obra da mesma maneira que o público já enaltecia por dois anos. Minha dica de filme de hoje traz um novo planeta, um universo fantástico criado pelo britânico John Ronald Reuel Tolkien, conhecido por J. R. R. Tolkien, e imortalizado na telona por Peter Jackson, um visionário diretor que ousou dar vida à obra do premiado filólogo, escritor e professor universitário.
Para entender um pouco o “peso” do filme, que tal saber um pouquinho sobre o renomado escritor? Nascido na África do Sul, no dia 2 de setembro (mesmo dia do meu aniversário, diga-se de passagem) de 1892, Tolkien passou a viver na Inglaterra desde os três anos de idade, se naturalizando britânico posteriormente. Participou ativamente da Primeira Guerra Mundial, onde começou a escrever os primeiros rascunhos do que se tornaria o seu “mundo secundário”, complexo e cheio de vida, denominado Arda. O cenário serviu para que ele escrevesse três obras mundialmente famosas: “O Hobbit”, “O Senhor dos Anéis” e “O Silmarillion”, nessa ordem. Esta última, sua maior paixão, foi publicada postumamente. Apesar de ser considerada a sua principal obra, não é a mais famosa. Quem sabe se ganhar uma versão para o cinema possa vir a ser?
O Senhor dos Anéis
A Sociedade do Anel – The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring (2001)
As Duas Torres – The Lord of the Rings: The Two Towers (2002)
O Retorno do Rei – The Lord of the Rings: The Return of the King (2003)
A trilogia mais premiada da história do Oscar levou simplesmente 17 estatuetas para casa, sendo 4 com o primeiro filme, 2 com o segundo e 11 com o terceiro. O último arrematou todos os prêmios pelos quais foi indicado, tornando-se, assim, o maior vencedor da história do Oscar ao lado de Ben-Hur (1959). Escrita, produzida e dirigida por Peter Jackson, a obra cinematográfica também alcançou um grande sucesso financeiro, estando os filmes colocados respectivamente em 32º, 24º, e 6º lugares entre as maiores bilheterias de todos os tempos (posição até o primeiro semestre de 2010). Aclamados pela crítica, conseguiram o feito de alcançarem um enorme sucesso de público e crítica ao mesmo tempo. Os três filmes, que foram rodados de maneira simultânea na Nova Zelândia, faturaram cerca de 3 bilhões (US$ 2.925.155.189) de dólares de receitas conjuntas de bilheteira.
Apesar de seguirem a linha-mestra da trilogia, os filmes possuem inserções e desvios com relação ao material original. Localizada no mundo ficcional na Terra Média, os três filmes seguem o jovem hobbit Frodo Baggins em sua missão de destruir o “Um Anel”, assegurando assim também a destruição de seu criador, o Senhor das Trevas Sauron. Para auxiliá-lo em sua tarefa, forma-se uma sociedade, composta por representantes dos humanos, hobbits, elfos e anões, encarregados de sua segurança pelos estranhos caminhos que terá que seguir. A trama possui várias mudanças de rota e os heróis são atrapalhados pelo traiçoeiro Gollum, um dos antigos possuidores do “Um Anel”. A quantidade de inimigos que essa sociedade enfrenta é muito grande. Por isso, as batalhas traçadas no longa são fantásticas! Pessoalmente, destaco a invasão da fortaleza humana no Abismo de Helm, onde orcs e trols desafiam a aliança formada por humanos e elfos em um embate noturno e na chuva! As imagens são sensacionais, bem como as técnicas para invasão de castelo, que fazem jus a história medieval. Esta batalha está no segundo filme da série, “As Duas Torres”.
A trilogia O Senhor dos Anéis conta com atores até então desconhecidos, como Sean Astin (Samwise Gamgee), Viggo Mortensen (Aragorn), Orlando Bloom (Legolas) e o surpreendente Andy Serkis (Gollum / Smeagol) – que foi aclamado após dar vida ao personagem através da tecnologia de captura de movimentos. Dentre os conhecidos, podemos citar Elijah Wood (Frodo Baggins), Ian McKellen (Gandalf), Liv Tyler (Arwen), Cate Blanchett (Galadriel) e Christopher Lee (Saruman), dentre outros.
O filme pode ser considerado ficção, mas possui uma série de elementos importantes que trazem à tona os valores humanos que, cada vez mais, têm sido deixado de lado pela sociedade. Os ensinamentos colocados a cada escolha de caminho, a forma com que os seres agem, pensam, interpretam a vida e os costumes daqueles que não fazem parte do seu “clã”, digamos assim, também são muito interessantes e podem trazer várias reflexões ao nosso estilo de vida. Entender, por exemplo, como a menor das criaturas pode fazer a grande diferença, resolver um problema global de forma que nem o melhor e mais destemido guerreiro conseguiria, é, no mínimo, algo que deveríamos considerar como muito importante.
A trilogia conta com filmes bem longos. O primeiro tem 2h45min de duração, o segundo 3h e o terceiro 3h20min! Mesmo assim, possui versões estendidas muito interessante, com mais cenas e mais informações importantes, que constam no livro, evidentemente, e que auxiliam no entendimento do filme, principalmente para aqueles que não leram.
Garantia de muito entretenimento de qualidade ao longo do fim de semana inteiro! Vale a pena ver pela riqueza de detalhes retirados do livro para o filme. É claro que os efeitos especiais auxiliam muito, mas Peter Jackson acertou em cheio também na trilha sonora, algo que pode passar desapercebido por muitos fãs do cinema. Repare, sinta, assista.