Crítica: Divergente
Quando minha amiga me chamou para assistir a esse filme com ela, eu perguntei sobre o que se tratava. Ela respondeu algo do tipo: a sociedade é dividida em 5 facções, e quem tem aptidão para pertencer a mais de uma facção é chamado de divergente e considerado uma ameaça para o sistema atual. Então tá né, não entendi nada, óbvio. Ou seja, sentei na poltrona do cinema sem noção alguma do que esperar. Era uma ficção, suspense, ação? Não sabia.
Antes de começar, quero deixar claro que a minha perspectiva do filme é a mesma de uma pessoa que não leu o livro. Vi pessoas elogiando e criticando o filme em relação à fidelidade ao livro, mas ainda não consegui ler a ponto de dar a minha opinião sobre a adaptação. Ah, e o texto contém spoilers, mas de leve!
“Divergente” (Divergent, 2014) é o primeiro filme de uma quadrilogia baseada em uma trilogia escrita por Veronica Roth. Após uma guerra devastadora que destruiu a maior parte da população global, aqueles que sobraram resolveram criar uma sociedade baseada em 5 facções diferentes. Cada facção é responsável por uma tarefa, e assim a sociedade viveria em paz e harmonia. Os adolescentes devem passar por um teste de aptidão para saber a qual facção se encaixam melhor. Porém, eles podem decidir se vão ficar na facção dos seus pais ou em outra que preferirem (alguém se lembrou do Chapéu Seletor aí?), sendo aquela a qual eles estão mais aptos a pertencer ou não. Essa escolha é de extrema importância, uma vez que você não pode mudar de facção depois. Se o teste de aptidão der inconclusivo, significa que você é divergente; ou seja, está apto para mais de uma facção, e isso é considerado uma ameaça para a sociedade, pois pode trazer o desequilíbrio indesejado. Por isso os divergentes são caçados e mortos. E é nisso que se baseia a história. Meio complicado de explicar, pois é uma ficção diferente, em minha opinião.
As 5 facções são as seguintes: Abnegação (cultiva o altruísmo), Audácia (cultiva a coragem e a ousadia), Amizade (cultiva a paz, a harmonia e o perdão), Franqueza (cultiva a verdade, a justiça e a imparcialidade) e Erudição (cultiva o conhecimento e a lógica). Quem não pertence a nenhuma facção é considerado um dos “pobres” da sociedade. Acredito que podemos compará-los com os moradores de rua do nosso mundo atual.
Beatrice Prior (Shailene Woodley, a Hazel de “A Culpa é das Estrelas”) é uma garota de 16 anos que vai passar pelo temido teste de aptidão. O resultado do seu teste é inconclusivo, e sem saber o que isso significa, ela decide abandonar seus pais na Abnegação e seguir a vida na Audácia. Lá ela conhece o Quatro, ou Four, (Theo James, que também interpretou o David em “Anjos da Noite: O Despertar” em 2012), e começa a descobrir os perigos de ser divergente.
Dirigido por Neil Burger (“O Ilusionista”, 2006), o filme também conta com as atuações de Zoë Kravitz (“X-Men: Primeira Classe”, 2011), Ansel Elgort (o Augustus de “A Culpa é das Estrelas”, curiosamente interpretando o irmão de Beatrice Prior) e Kate Winslet (“Titanic”, 1997). A atuação de Winslet (Jeanine Matthews) está lado a lado com a de Woodley. Enquanto você adora Tris Prior, aquela garota confusa e forte, você odeia com todas as forças a personagem de Winslet. Elgort ficou meio sem sal, em minha opinião. Não sei o quão relevante o personagem dele é no livro, mas no filme eu achei bem fraquinho. Esperava mais.
Percebi que muitas pessoas comparam o filme com “Jogos Vorazes”, acho que talvez pelo tema meio forte para ser somente mais uma série adolescente. Trata-se o tempo todo de valores sociais e política, jovens lutando pelo bem, tarefas a serem cumpridas. Existem muitas cenas de ação e cenas perigosas, o que deixa o filme mais interativo. Porém, fiquei com algumas dúvidas que não sei se são esclarecidas ao longo do livro.
No geral, é um filme bom, mas longe de ser excelente. É um filme para ser assistido em uma tarde chuvosa. Mas confesso que me deixou curiosa para ler o livro.