‘PoliAmor’ e a contemporaneidade na conjugação do verbo.
“Vãs definições, variantes á gosto…
O significado real, além vocabular, está longe de ser exato. A literalidade é ausente. O amor é o ato e seus derivados mais desprendidos e livres!
Pesquisas científicas, teorias mitológicas, correntes da psicanálise… Desde sempre – como é característica inerente do seu instinto – o ‘homo sapiens’ tenta encontrar definições para tudo (como se as definições para todos já não fossem o bastante para seu ego de ‘Eureka’).
Entre as presas da sua incansável caça pelo ‘Complexo do que é?’, está um sentimento que até o mais repulsivo dos seres consegue sentir, independente da intensidade, origem e da pessoa ao qual o sentimento comunga.
Em uma análise friamente Aurelística – a expressão Poli – Amor poderia simplesmente explicitar as várias definições do próprio verbo.
Aqui, trata-se do retrato (in) dependente do julgamento de valores e formas, impassível diante às limitações dos valores afetivos, e livre no desprendimento que o toma.
“Em uma sociedade onde as relações são impostamente limitadas em número e gênero assistir um filme que expõe o amor a partir de outra visão, nos faz refletir sobre o que de fato ele é, e o que ele provoca sobre os instintos mais individualistas e egocêntricos”.
“PoliAmor”, o documentário do cineasta paraibano José (Zé) Agripino coloca no divã homens e mulheres que vão contra a corrente das relações monogâmicas e vivem seus amores de maneira abertamente compartilhada.
Entre depoimentos reais e retratos em movimento do cotidiano, parceiros de diferentes gerações, revelam histórias que começaram monogâmicas, o processo de descoberta – não de um novo em detrimento do number one – mas de um novo amor que completa na mesma proporção daquele sentido primeiro.
Um dos grandes desafios das práticas poliamorísticas além dos bloqueios individuais de cada eu, é a quebra do tabu. É viver em meio a uma sociedade em que prevalece a monogamia e levianamente deturpa-se o dom de amar mais de um ser – seja do mesmo sexo ou do sexo oposto – a um mero ato de promiscuidade, de saciação do desejo carnal.
Usar o poder dos documentários para retratar ‘novas realidades’ e debater temas ainda considerados tabus, é uma iniciativa ousada, que além de ser um mérito do diretor e toda equipe do projeto, o credita a virar um longa metragem, dando a profundidade que o tema merece.
“… Parei, imaginei, e me auto-interroguei: Sou capaz de tal feito?”
Tenho lá minhas dúvidas.
Acho que minha possessividade ariana é um dos fatores cabais que pesa no meu peito e não me permite dividir o pão, quiçá a carne.
Mas, que sabe…
“Nem nós sabemos ao certo do que somos capazes”.
Link para assistir o documentário completo: https://www.youtube.com/watch?v=H3SbBZNotuc