Crítica: Elysium
Em 2009, o mundo foi surpreendido com um filme de ficção científica de alta qualidade feito com pouco dinheiro: “Distrito 9” custou cerca de US$30 milhões de dólares e arrecadou mais de US$210 milhões. Além de provar que sabe fazer bons filmes de ação, o cineasta sul-africano Neill Blomkamp, sob o “apadrinhamento” de Peter Jackson, causou brilho nos olhos dos produtores de Hollywood, que adoram ver produções modestas fazerem tanto dinheiro.
“Elysium” é uma produção mais cara que o filme anterior, e tem como protagonista um grande ator de Hollywood (ao contrário de “Distrito 9”), mas está longe de ter custos considerados realmente altos para os padrões do mercado.
Em um futuro marcado pela desigualdade social, “Elysium” se passa entre uma Los Angeles muito pobre e praticamente bilíngue, e um satélite construído na órbita terrestre para onde as pessoas mais ricas da Terra foram viver, longe da desigualdade social e dos problemas de saúde – que leva o nome do filme.
Max (Damon) vive em um desses bairros e tenta viver uma vida correta, trabalhando em uma fábrica de robôs, após ter sido preso por cometer crimes. O filme se vale de flashbacks para explicar o passado de Max em um orfanato, onde viveu uma história de amor com Frey (Alice Braga). Ao mesmo tempo em que é ágil para conectar a história dos personagens com o que eles querem, “Elysium” permite que o espectador compreenda a crítica social feita no filme e consegue trazer momentos de respiro entre cenas de ação.
Após sofrer um acidente que o fará morrer em cinco dias, Max aceita fazer um serviço perigoso para Spider (Wagner Moura), um “coyote” que leva pessoas ilegalmente a Elysium, mais preocupadas em usar a cama que cura todas as doenças do que realmente viver no local.
Eficiente não só na criação dos personagens (embora os vilões Delacourt, de Helen Hunt, e Kruger, de Sharlto Copley, não sejam completamente tridimensionais), o filme consegue retratar um futuro muito mais realista na Terra, não apenas porque mantém características comuns, como casas pobres sem qualquer sugestão de tecnologia, mas porque trata coisas como naves espaciais e computadores que transmitem milhões de exabytes em alguns minutos com total naturalidade, tornando a narrativa em uma realidade absolutamente crível.
Com um Wagner Moura estreando em inglês e totalmente diferente de seus personagens anteriores no cinema, “Elysium” funciona não apenas como uma crítica social à pujança e ao sentimento de superioridade das elites dos países, mas também como um excelente filme de ação.