Crítica: A Ocasião Faz o Ladrão
“A Ocasião Faz o Ladrão” (Henry’s Crime) é um filme americano de 2010, dirigido por Malcolm Venville e com roteiro de Sacha Gervasi, David N. White e Stephen Hamel. Trata-se de um filme de crime e drama, que tem como foco principal as relações humanas e o sarcasmo como pontos centrais do longa.
O filme mostra a história de Henry (Keanu Reeves) que é acusado por assaltar um banco em Nova York. Henry é um pacato cobrador de pedágios que tem como principal característica ser passivo a qualquer situação. Ele acaba sendo condenado injustamente e precisa cumprir a pena. Durante este periodo na cadeia, ele conhece o velho Max (James Caan), um espertalhão que adora viver na cadeia. Ao ser liberado, Henry esta sem emprego, sem mulher, e perdido, então resolve criar um objetivo na vida: realizar de verdade o crime que não cometeu. O plano é simples: infiltrar-se na produção de uma peça que será exibida em um teatro, cuja construção tem um túnel que leva ao banco em questão. Tudo parece perfeito quando Max resolve ajuda-lo, porém, Henry não contava que iria se apaixonar pela explosiva e bela atriz Julie (Vera Farmiga), por quem acaba se apaixonando.
O filme tem um time de atores consideravelmente bons, como Keanu Reeves, Judy Greer, Fisher Stevens, Danny Hoch, Bill Duke e James Caan. Porém o restante do elenco é formado por vários atores desconhecidos, o que joga a qualidade de atuação um pouco para baixo.
Uma das curiosidades do filme é que ele tem o tom do personagem principal, Henry, ou seja, é um filme bastante calmo, mesmo sendo de crime, e chega a ser passivo em alguns momentos. Alias, o personagemHenry é muito angustiante, é um cara que não demonstra muito quem é, o que pensa, e como se sente. Tudo é muito passional e neutro. Isto ao meu ver dificulta nos conectarmos ao personagem, já que acompanhamos seu desenvolvimento ao longo do filme. Mesmo quando resolve realizar o crime, ele da uma sensação que a qualquer momento pode desistir da ideia, já que não fala muito. E mesmo se pensasse em desistir, a sensação seria contrária, ou
seja, acharíamos que a qualquer momento ele voltaria atras e realizaria o assalto.
A direção de Malcolm Venville é bastante neutra também, não há grandes elementos ou planos mirabolantes e por isso temos a sensação que o filme foi relativamente fácil de ser conduzido. A mesma ideia se aplica ao roteiro. Muito provavelmente o filme foi escrito para ser leve e simples, porém, por se tratar se um assalto, creio que o sentimento de tensão deveria estar presente em algum momento.
De uma forma geral o filme é bastante previsível e o elemento da surpresa esta bastante perdido neste quesito.
A parte interessante no filme é justamente as relações humanas, ou seja, o filme foca bastante nas relações que Henry vai construindo ao longo do filme, muito mais interessante que sua motivação para assaltar o banco, que por sinal, tem uma explicação muito superficial. Max por exemplo é um amigo que tem um papel de conselheiro e pai, ele supre muito bem essa relação de tentar dar sentido as ideias de Henry. Além disso, é ele também que tem a mente criminosa, por isso ele consegue arquitetar de forma muito mais concreta o crime em si. De outro lado temos Julie, uma atriz muito explosiva e exagerada em seus atos, e Henry que é um cara tímido, recatado e conversador acaba se apaixonando por ela que é o seu oposto. Julie tem um papel central na vida de Henry, pois é ela que o tira da monotonia, é ela que o motiva e o inspira, e o filme pende para o romance em alguns momentos. Por isso podemos dizer que “A Ocasião Faz o Ladrão” é um filme que tem como ideia o crime, mas tem como história as relações humanas.
Confira o Trailer:
http://www.youtube.com/watch?v=-fTCVaHF2VA