Crítica: Guerra Mundial Z
“Guerra Mundial Z” foi um desses filmes que enfrentaram diversos problemas em seu desenvolvimento. Desde a primeira versão do roteiro até sua finalização após as filmagens concluídas, gerando a necessidade de regravações, a produção passou por alguns percalços: o diretor Marc Forster nega, mas há indícios de desentendimento entre ele e Brad Pitt (astro e produtor do filme) e de orçamento extrapolado.
Mas o fato é que “Guerra Mundial Z” teve grandes chances de melhorias e ainda serviu para gerar falatório, algo sempre benéfico para causar expectativa. O que se vê na obra final é um filme com grandes qualidades, mesmo que sem atingir a perfeição a que se esperava após tantos esforços de mudança.
O filme nos apresenta a Gerry (Pitt), um homem bem casado e com duas filhas que trabalhou na ONU e encontra-se afastado do cargo. Ao testemunhar um ataque repentino de zumbis em sua cidade, ele se vê obrigado a fugir e acaba sendo resgatado por uma equipe da própria ONU, onde receberá a missão de encontrar a “resposta” para o vírus que se alastrou pelo mundo todo.
Apesar de alguns momentos de susto, “Guerra Mundial Z” não traz nenhuma referência ao terror sanguinolento da maioria dos filmes de zumbi – e muito menos das comédias com mortos vivos. Aliás, ao ver a declaração de Brad Pitt, que afirmou ter feito o filme para seus filhos, podemos entender que o objetivo da produção é atingir “toda a família” – o filme custou caro, então precisa de classificação baixa para atingir muita gente. Trata-se de uma aventura com visual “clean” e pouca ênfase nas tripas, ataques violentos e braços decepados.
É curioso notar que a construção do personagem de Pitt se dá no âmbito familiar. O roteiro faz bem em não explicar o quanto Gerry era bom em seu trabalho militar, já que isso cria dúvidas quanto às suas ações na viagem, mas desenvolve o personagem ao mostrar sua relação com a esposa e as filhas, o que certamente cria bastante conexão do público com o personagem.
Apesar de ter arroubos de grande produção, bons efeitos especiais, um 3D eficiente e tramas interessantes, o fato é que “Guerra Mundial Z” não sai do eixo “filme catástrofe com um pai de família buscando salvar o mundo para voltar para seus entes queridos”. Sem nada que ressalte aos olhos, o filme ainda peca em diversos momentos por “gritar” as respostas ao espectador, fazendo com que ele não precise raciocinar muito para buscar as respostas e descobrir o que será feito pelo protagonista.
No fim das contas, ao menos Brad Pitt surge, incomum, em uma produção hollywoodiana para toda a família. Só isso já deve levar muita gente para vestir os óculos de três dimensões.
Nota: 3 claquetes
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