Crítica: Deus da Carnificina
Dirigido por Roman Polanski e baseado na peça teatral ‘Le Dieu du Carnage’, de Yasmina Reza, o filme “Deus da Carnificina” passa-se quase totalmente em uma sala de um apartamento. Na trama, dois pais de um aluno que agrediu o colega em um parque vão visitar os pais do menino agredido. Apesar de rápidas cenas que mostram o ocorrido de longe, logo no início, o longa-metragem respeita a origem teatral do roteiro e se baseia em um cenário fixo e diálogos.
É interessante analisar o perfil de cada um dos personagens e como as máscaras vão caindo e as verdadeiras facetas de cada um surgem cada vez mais fortes. Primeiro, após um momento de tensão em que alguém regurgita e livros sofrem danos, e depois quando todos se rendem à bebida alcoólica. Tão importante quanto este elemento está o caminho que cada um dos personagens faz ao longo da trama. Enquanto que Penelope (Jodie Foster) começa como uma humilde defensora da civilidade e termina como uma destemperada mãe quase alcoólatra. Enquanto isso, Alan (Christoph Waltz) redime-se de sua conduta desumana, ao menos um pouco, quando sugere a uma pessoa por telefone que não tome um remédio.
Além de apresentar diversos questionamentos a respeito de civilidade, sociedades não-ocidentais e comportamento entre crianças, o que deve fazer o filme ser bastante exibido nas faculdades de psicologia, o filme ainda é feliz em mostrar que as crianças conseguiram resolver o problema de maneira muito mais tranquila que os pais. Há de se destacar também a atuação excelente não só de Foster e Waltz, mas também de John C. Reilly e Kate Winslet. Polanski é também inteligente ao criar a mise en scène dos personagens no corredor, quando chega o elevador, trazendo uma solução divertida para um tipo de comportamento pouco convincente.
Com 80 minutos de duração, o filme traz uma infinidade de questões para se pensar e refletir, e ainda conquista riso de quem for minimamente atencioso a detalhes.
Nota: 03 claquetes