Crítica: Argo
Algumas coisas de extremo sigilo hoje, amanhã serão divulgadas, e com elas histórias incríveis, velhos heróis serão conhecidos e as pessoas saberão que foram salvas de riscos que nem sabiam que estavam. Argo trata-se de uma dessas histórias que foram divulgadas do fundo do baú da CIA.
No início do filme excepcionalmente dirigido por Ben Affleck, que está se mostrando um diretor muito acima do ator, temos algumas informações históricas contadas em forma de quadrinhos que nos situa dentro do clima e local em que se passou a história, que foi baseada em fatos reais. Uma nota interessante é que essa forma de contar a premissa, em quadrinhos, mostra total influência nessa face nerd do diretor, e que não é à toa de que foi o primeiro nome a ser sugerido quando foi confirmado o filme da Liga da Justiça para 2015.
No ano de 1979, o Irã está em ebulição, com a chegada ao poder do aiatolá Khomeini. Como o antigo xá ganhou asilo político nos Estados Unidos, que haviam apoiado seu governo de opressão ao povo iraniano, há nas ruas de Teerã diversos protestos contra os americanos. Um deles acontece em frente à embaixada do país, que acaba invadida. Seis diplomatas americanos conseguem escapar do local pouco antes da invasão, indo se refugiar na casa do embaixador canadense. Lá eles vivem durante meses, sob sigilo absoluto, enquanto a CIA busca um meio de retirá-los do país em segurança. Já nesse primeiro arco do filme podemos ver como os personagens estão super bem caracterizados, com suas calças boca de sino, e cabelos anos 80, além daqueles óculos que hoje parecem ser 3 vezes maior do que usamos atualmente. Mesmo o tipo de filmagem nos remete aos filmes feito nos anos 80 com aquela tonalidade amarelada característica.
Quando os americanos pensam em diversas hipóteses para tirar os diplomatas em segurança do país, entre diversas idéias malucas a melhor opção é apresentada por Tony Mendez (Ben Affleck), um especialista em exfiltrações, que sugere que uma produção de Hollywood seja utilizada como fachada para a operação. Aproveitando o sucesso de filmes como “Guerra nas Estrelas” e “A Batalha do Planeta dos Macacos”, a ideia é criar um filme falso, a ficção científica Argo, que usaria as paisagens desérticas do Irã como locação. O projeto segue adiante com a ajuda do produtor Lester Siegel (Alan Arkin) e do maquiador John Chambers (John Goodman), que conhecem bem como funciona Hollywood. É necessário falar sobre o entrosamento entre os personagens de Alan Arkin e John Goodman, sem dúvida os personagens mais divertidos do filme e que estão tão a vontade em seus papéis que até esquecemos que são atores interpretando produtores. Alan Arkin aliás participa de uma das cenas mais engraçadas do filme que ao ser questionado por um repórter dentro do coquetel de divulgação do filme de mentira Argo sobre do que se trata o filme, sem ter uma melhor resposta e já de saco cheio ele manda um: Argofuck yourself (algo como Vai se fodargo) e que acaba virando o lema entre os três conspiradores.
Ainda no elenco temos Bryan Cranston em um dos personagens mais sérios que já vi o ator interpretar, sendo que ele é o braço direito de Tony Mendez (Affleck) dentro da CIA, entre os diplomatas temos a atriz Clea Duvall, Tate Donavan.
O clima de tensão do filme começa nos primeiros minutos e só acaba quando começa a subir os créditos, então tenha certeza que até lá você já terá ruído todas as unhas da mão, suada frio e torcido por cada um dos personagens, que não são nem de perto heróis e sim pessoas comuns pegas numa situação extraordinária e que só irão se livrar dela com uma ação mais incrível ainda. Os seis diplomatas são interpretados por
Argo é um forte candidato a levar a estatueta do Oscar de melhor filme em 2013, um filme que numa época turbulenta deixará muitos ainda com um sentimento antissemita ainda maior, algo que os americanos já estão infelizmente acostumados.
Fique sentado e aguarde um pouco enquanto os créditos sobem para ter mais informações dos destinos dos personagens e ver o quão absurdamente parecido ficaram os personagens das pessoas reais que participaram da história.