Crítica: Gonzaga – De Pai Pra Filho


Como é de se esperar em um filme de Breno Silveira, a emoção está presente o tempo todo. Mas Silveira parece ter desaprendido com a boa dose de emoção na saga da família Camargo, e abusa das lágrimas ao contar a história da família Gonzaga. De fato, há belos momentos na emocionante trajetória dos músicos representados, mas algumas discussões parecem muito preocupadas em escancarar os sentimentos, criando diálogos que parecem ter saído de uma novela de Manoel Carlos.

Como é de se esperar em uma grande produção brasileira, o apuro técnico é quase impecável, e a direção de arte consegue captar bem o tom de cada uma das muitas épocas representadas. A fotografia também dá conta de transmitir a aridez do sertão, a tristeza cinzenta do colégio interno e a simplicidade das casas do subúrbio carioca.
Breno Silveira também é feliz em incluir imagens reais da vida dos personagens em momentos certos, para lembrar o espectador que aquilo tudo foi real. Mas como se não bastasse tentar emocionar o espectador a todo momento, o filme falha ao romantizar demais o “rei do baião”, criando um paradoxo difícil de compreender: como pode um homem tão gentil e brincalhão tratar o filho tão mal? Por mais que tente, o filme pouco consegue esmiuçar do temperamento de Gonzaga, preocupando-se em fazê-lo irritado ou nervoso apenas em momentos específicos, causando confusão quanto ao seu modo de agir na vida.
De qualquer maneira, “Gonzaga – De Pai Pra Filho” é uma homenagem muito bem vinda aos dois músicos unidos e ao mesmo tempo separados pela vida e pela música. Não fosse esta história, a música brasileira seria muito mais pobre.
As canções mais importantes de cada um deles, afinal, trazem sentimentos de felicidade com nuances de sofrimento e dor, e a relação de ambos apenas mostra como a vida foi assim, feliz e triste. Árida como “Asa Branca” e esperançosa como “O que é, o que é”.
Nota: 03 Claquetes

