Crítica: Peixe Grande e suas incríveis histórias
Alguns filmes que assistimos nos surpreendem. Não necessariamente pela história ou roteiro em si, mas pela direção de arte exuberante, fotografia bem casada, atores encenando de uma maneira tão natural quanto espetacular. Pode-se dizer que Peixe Grande é uma dessas produções que te deixam sem palavras, em todos os quesitos.
Lançado em 2004 e já levando a responsabilidade que uma direção do Tim Burton traz em seu nome, essa comédia dramática com cara de aventura é mais uma daquelas histórias pelas quais você se identifica, mesmo que não haja motivos para isso.
Com Ewan McGregor, Albert Finney e Helena Bonham Carter -a “menina dos olhos” de Burton- a produção ora te pega pelo drama do difícil relacionamento entre pai e filho, ora te faz rir pela criatividade das histórias com detalhes lúdicos e inusitados.
Edward Bloom é um pai que, apesar de desgastado pelo tempo e por uma doença insistente, faz questão de enxergar o mundo e tudo o que viveu de uma maneira bem ‘sua’. Daqueles contadores que ‘aumentam mas não inventam’, talvez uma solução criativa para transformar uma passagem da vida que poderia ter sido considerada apenas normal e sem graça, para uma história extraordinária, cheia de peculiaridades e emoção.
Desde sua juventude (interpretado por McGregor e na velhice por Albert Finney), Ed tem histórias maravilhosas em todos os lugares por onde passa. Social por natureza, em todo e qualquer trajeto que tomasse sua vida, encantaria pessoas e faria amigos leais. Cada uma dessas situações é retratada como uma incrível história, com traços metafóricos cheios de originalidade. A principal delas se dá logo no início do filme, com uma legítima história de pescador (literalmente!) com um peixe tão grande quanto impossível de ser pescado.
Anos após ter encontrado a mulher de sua vida e ter formado sua família, Ed continua o mesmo: encantador, social e envolvente com suas histórias. Mas seu filho, Will Bloom, cresceu. Com uma personalidade cética e rígida, Will (Billy Crudup) começa a questionar o nível de realidade que as histórias de seu pai teriam.
Apesar de anos de comunicação precária entre pai e filho, Will volta à casa dos pais, agora casado, com o pretexto da doença do pai. Só não sabia que a partir de então se iniciaria uma jornada pelo passado fascinante que o esperava.
A direção de arte também contribui para a notoriedade do filme. Imagens poéticas cheias de imaginação são materializadas pela arte, que engloba desde a construção de um circo, a um gigante tímido, gêmeas siamesas orientais e ainda uma cidade fechada onde cada morador tem seus sapatos pendurados num varal, com a certeza de que nunca mais os precisará.
A trilha sonora com Pearl Jam, Elvis Presley e Buddy Holly abastassem a ponte poética e bem construída do filme.
Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas é uma verdadeira exaltação dos sonhos que temos sobre como a vida poderia ser bem melhor. Além do drama e reencontro entre pai e filho, que pouco a pouco, vão compreendendo que o amor exige acima de tudo, compreensão de que um homem conta suas histórias tantas vezes até que se torne imortal.
Nota: 05 Claquetes