É impressionante como a maturidade nos faz enxergar melhor um filme. Talvez isso funcione para todo o tipo de arte. Lembro-me de quando a professora de história da sexta série (hoje é equivalente à sétima série do Ensino Fundamental e, sim, faz um bocado de tempo) exibiu o filme “O Nome da Rosa” com o objetivo de ensinar mais sobre a Idade Média e todas aquelas questões da Igreja Católica e da Inquisição. Lembro de eventuais referências ao filme e ao livro de Umberto Eco durante o curso de Letras. Espanto-me em saber que já faz quase um ano que ganhei o DVD do filme, junto com outros DVDs, de presente de aniversário. Os DVDs foram parar na pilha de filmes que, tal qual a pilha de livros, vai crescendo em uma velocidade maior do que a consumimos. Após tanto tempo, assisti novamente ao filme “O Nome da Rosa”, e felizmente ele se mostrou melhor do que a minha memória informava. Eu me lembrava de um filme escuro, amedrontador, denso. Não que seja um filme leve, mas talvez a melhoria da qualidade de imagem das atuais TVs, junto com uma experiência muito maior em filmes “assustadores”, me levou a enxergar o filme de Jean-Jacques Annaud como algo mais interessante. Os livros de Sir Arthur Conan Doyle, com as investigações de Sherlock Holmes, devorados ao longo do tempo, me ajudaram ainda mais a encontrar ligação emocional ao monge Guilherme de Baskerville, incrivelmente interpretado por Sean Connery. Graças ao conhecimento adquirido neste período de tempo, pude me lembrar da Biblioteca de Babel, conto de Jorge Luís Borges. Talvez eu já tivesse ouvido a respeito da referência que Umberto Eco fez no livro, mas compreender as referências é algo que enriquece ainda mais o nosso entendimento da obra. Quando mais jovem, eu conseguia apenas pensar historicamente, entendendo como a Igreja Católica era poderosa ao guardar tanto conhecimento em suas paredes. Hoje, sou capaz de compreender a importância da disseminação do conhecimento como forma de combater as grandes instituições que, sedentas pelo poder, fazem de tudo para que seus súditos não compreendam a abrangência do mundo e enxerguem apenas aquilo que lhes fazem enxergar.Com ótima direção e uma fotografia que sabe usar a escuridão como importante para esconder o que não deve ser mostrado, o filme faz jus ao romance de Eco e entra para os clássicos.Um clássico se torna clássico quando acrescenta referências toda vez que é revisitado pelo espectador. Um clássico acumula conhecimento e é sempre atual, pois trata de temas que são sempre presentes nas nossas vidas.
Por todos esses motivos, “O Nome da Rosa” é um clássico, que deve ser visitado e revisitado por todos. Tanto o filme quanto o livro.
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Sobre o autor
Rafael Arinelli
Curitibano, formado em Comunicação Social e Pós-Graduado em Design Estratégico pela ESPM-SP, é um apaixonado por cinema e entretenimento em geral. Vai até onde sua mente o leva, e de lá traz sempre um pouco de esperança e inovação.