Tempos Modernos

Logo no começo da projeção, os empresários tentam experimentar uma máquina que dá comida aos trabalhadores, para que eles não tenham necessidade de parar para a hora do almoço. Existisse uma máquina igual, hoje em dia não seria necessária a imposição dos proprietários: os trabalhadores iriam pedir por máquinas assim para ganhar hora extra.

Ao final do filme, Chaplin foge da polícia, dando indícios de sua ideologia. Em uma cena inspiradora, ele segue rumo ao horizonte com sua amada. O vagabundo afirma que devemos tentar, seguir adiante, lutar.
Em 1936, os tempos eram modernos. Hoje, são pós-modernos. Apesar do “pós”, muita coisa permanece igual. Permanecemos em busca de tudo aquilo que o dinheiro pode comprar. Mas desta vez, queremos também a liquidez da vida: a adaptabilidade das relações, a rapidez da mudança. Continuamos a fazer o que Marx estudou e colocou no papel, mas também seguimos aquilo que Bauman, sociólogo pós-moderno, descobriu que faz parte de nossas vidas.

Já se passaram quase 80 anos. Os tempos continuam modernos. É uma pena que não temos Chaplin para, ao menos, nos fazer sorrir em meio às dificuldades das crises de hoje, que não são como a de 1929, mas causam problemas equivalentes.