Crítica: E aí… Comeu?

Um grupo de jovens aparentemente saídos de um bar dá altas risadas. Um deles faz questão de soltar um grito, apenas para chamar a atenção quando as luzes da sala se apagam. Pode ser bom um filme que atrai este tipo de público?
Mas não generalizemos.

O filme se esforça em criar tipos diferentes a fim de causar identificação com o máximo possível de espectadores: Honório é casado e vive uma crise com sua esposa (Dira Paes), Fernando é recém-divorciado e não consegue se esquecer da ex, e Afonsinho é um escritor perdido que não consegue se apaixonar por nenhuma mulher, mas faz o tipo “pegador”.

Os personagens masculinos são bem apresentados e desenvolvidos. Mas a “conclusão” a que o filme chega não condiz com o desenvolvimento das personagens femininas. Se o filme é uma homenagem às mulheres, com referências a Vinícius de Moraes e Tom Jobim, então por que as mulheres são unidimensionais? Apesar do esforço de Dira Paes, sua personagem é apenas uma mulher madura em crise, e as outras são ainda piores: a ex-mulher de Fernando fica confusa sem qualquer explicação; a vizinha ninfeta é apenas uma mocinha sensual; a prostituta de quem Afonsinho gosta não tem qualquer tridimensionalidade e apenas o trivial desejo de encontrar o homem dos sonhos rodando a bolsinha.
Como se não bastasse, as personagens femininas representam exatamente os clichês de mulheres dos sonhos de muitos homens “machões”: a jovem vizinha ninfeta oferecida, a prostituta que larga “aquela vida” por um cliente preferido, e a esposa sensual que deixa o marido ir para o bar quando quiser e não reclama.
Embora tente mostrar o crescimento e a redenção dos personagens, “E aí… Comeu?” falha ao limitar as conquistas dos três amigos a simplesmente responder à pergunta título: “Sim, eu comi”.
Devaneios à parte, o filme mereceria crédito se ao menos conseguisse fazer o espectador rir, já que estamos falando de uma comédia, afinal. Embora consiga chegar razoavelmente próximo das conversas de bar entre amigos e consiga criar alguns momentos cômicos – especialmente aqueles protagonizados por Seu Jorge, o melhor ator do elenco – o longa não consegue criar nenhuma piada que seja memorável ou que arranque gargalhadas. Fica devendo.
Nota: 02 Claquetes
