Crítica: Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo’s Net) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
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Crítica: Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo’s Net)

Randall McMurphy (Jack Nicholson) é um bandido que finge ter problemas mentais para ir a uma instituição psiquiátrica, e assim escapar da prisão. Ao chegar, McMurphy depara-se com a exigente e ardilosa enfermeira Ratched, com quem travará uma luta para conseguir um pouco mais de conforto para si e seus novos amigos.

“Um Estranho no Ninho” é uma jornada para a liberdade. Randall é o estranho que, ao adentrar no “ninho”, conhece não só como tudo funciona na instituição, mas conhece como funciona a mente de todos. No caso do título original (do livro que o filme adapta), a frase “One Flew Over the Cuckoo’s Nest” vem de uma antiga rima americana que diz:

“One flew to the north
One flew to the south
One flew to the east
One flew to the west
And one flew over the cuckoo’s nest”

Tradução:
“Um voou para o norte
Um voou para o sul
Um voou para o leste
Um voou para o oeste
E um voou sobre o ninho do cuco”

A interpretação dada à poesia popular, é que o filhe que não voou para o sul, leste ou oeste, foi aquele que enlouqueceu. O termo “cuco”, em diversos países, é relacionado à loucura.

O filme do diretor tcheco Milos Forman tem diversos aspectos interessantes: desde as primeiras cenas, o “hospício” é retratado como uma prisão, com portões, grades e cercas nada diferentes da imagem que temos de um presídio. Quando McMurphy é liberado das algemas, ele demonstra euforia por estar livre, para um pouco mais tarde entrar em um ambiente tal qual a prisão de onde veio.

A primeira cena da entrevista entre ele e o diretor da instituição é mostrada como leve, sem qualquer tensão entre ambos, já que a câmera mostra um ambiente agradável por meio do plano que mostra toda a dimensão do espaço. Após o início do segundo ato, a cena a se repetir na mesma sala mostra um ambiente mais tenso, que o espectador sente ao ver que a câmera foca somente nos rostos.

Além de mostrar a loucura de McMurphy evoluindo ao longo da projeção, o filme também mostra esta evolução por meio de uma única cena, na qual o personagem se mostra crescentemente irritado com a maneira como seus companheiros jogam cartas, ao mesmo tempo em que a música instrumental é tocada em volume alto pela enfermeira.

Ao ser sutil na maneira de mostrar como a decisão de ficar ou sair do lugar cabe à própria enfermeira chefe, Milos Forman causa dúvida no espectador, já que por um breve momento não se entende as verdadeiras intenções dela.

Se a atuação impecável de Louise Fletcher faz da Sra. Ratched uma das vilãs mais famosas do cinema, não podemos deixar de lembrar que todos os personagens amigos de McMurphy são vividos com extrema competência por atores como Brad Dourif, Christopher Lloyd, Danny DeVito e Vincent Schiavelli.

“Um Estranho no Ninho” ainda apresenta uma bela “rima” entre a primeira e a última cenas. Enquanto que a primeira mostra o anoitecer em meio a uma cor avermelhada, a cena final mostra o amanhecer em tom de azul, quando um dos “loucos” finalmente sai do “ninho do cuco” ao qual também era um estranho.

Nota: 05 Claquetes

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