Jogos Vorazes abre discusssão sobre racismo
Uma das personagens do filme Jogos Vorazes é negra. No livro, que contém a história original, apesar de haver um momento em que a autora Suzanne Collins a descreve como tendo “dark brown skin and eyes” (pele e olhos marrom escuros – seja qual for a tradução da edição brasileira).
No entanto, muitos fãs da série não enxergavam a personagem como negra, e resolveram fazer reclamações nas redes sociais, gerando uma infinidade de frases racistas. Enquanto a maioria (americanos brancos, como é de se esperar) simplesmente argumenta que “não a imaginava como negra”, alguns tiveram coragem de dizer que se decepcionaram com a decisão do diretor e/ou tiveram menos pena de sua morte.
O fato é que, “sem querer querendo”, a franquia acaba de acender uma discussão que infelizmente ainda é necessária. Afinal, a personagem teria gerado identificação e piedade na maioria dos leitores, o que fez com que muitos, inseridos em uma sociedade que valoriza a pele clara (infelizmente nós ainda vivemos em um mundo assim), ficaram chocados/surpresos quando viram uma atriz negra.
Talvez as pessoas não devessem ficar chocadas com o fato de os personagens serem negros, mas deveriam se surpreender com suas próprias reações de estranhamento. Afinal, por que não se utilizar de um novo coqueluche midiático para questionar os próprios pré-conceitos arraigados dentro de cada um de nós? Difícil é olhar para o próprio umbigo.
Talvez este seja um bom momento para isso.
Vale lembrar que a protaginista de Jogos Vorazes não tem “pele de oliva” (morena) conforme descrito no livro, mas é branca, e ninguém reclamou disso.