Dica de Filme / Crítica: Coração Louco
Jeff Bridges vive intensamente um velho cantor de música country que vive um período de decadência em sua vida. Pouco famoso, ele ganha algum dinheiro em pequenos bares cheios de velhos fãs que lhe pedem para cantar músicas antigas.
A partir de então, o cantor Bad Blake ele vai se envolver com a jornalista Jean, que o conhece quando vai entrevistá-lo e sua casa. A partir de então, Bad vai tentar melhorar sua carreira, ganhar dinheiro e confrontar seus defeitos.
Todas as qualidades do filme estão calcadas nas atuações. Se Maggie Gyllenhaal faz o que pode diante de sua personagem pouco complexa, Colin Farrell funciona muito bem como o cantor de sucesso Tommy Sweet (nome que cria oposição ao personagem Bad – na tradução, Doce e Mau, respectivamente), e Jeff Bridges toma o filme para si e aproveita para ter um dos melhores personagens de sua carreira.
É interessante notar como Jeff Bridges cria um olhar totalmente triste no início do filme, e como ele o muda ao longo da narrativa, ao mesmo tempo em que age sempre como um velho rabugento e bêbado, sempre carregando um copo de bebida. Um dos momentos mais interessantes do filme é quando, durante um grande show de Tommy que Bad Blake abre, os dois cantam juntos com uma interação fraca e sem trocar olhares, ao mesmo tempo em que não se consegue ver o público que assiste. Quando Tommy entra sozinho para seu show, é possível ver o público vibrando, ao mesmo tempo em que o cantor corresponde à energia.
Apesar de utilizar belas paisagens e cenas plasticamente bonitas, o filme parece ter sido filmado no “automático” e nunca utiliza a fotografia ou os movimentos de câmera a seu favor. A luz apenas reflete o clima árido da região em que o filme se passa, mas nunca se modifica nem representa qualquer sentimento ou mudança. O mesmo se pode dizer do roteiro, que apresenta pontas soltas ao longo da narrativa: afinal, quais as motivações para que Bad ligue para seu filho há tanto deixado pra trás? E qual é o real sentimento de Jean para que resista no relacionamento mesmo que o ame? Além disso, o desaparecimento do menino parece muito artificial e apenas serve de ponto de virada para o início do terceiro ato.
Como se as falhas do roteiro apontadas não fossem o suficiente, o filme ainda falha em mostrar uma cura aparentemente fácil para o alcoolismo – e Bad Blake ainda vai cantar em um bar cheio de bebidas durante a recuperação, quando deveria fugir deste tipo de ambiente.
Coração Louco poderia ser um filme muito melhor se o roteiro fosse mais bem elaborado e se o diretor ousasse em criar mais (e não é nada curioso que roteirista e diretor, neste caso, são a mesma pessoa). Ainda bem que Jeff Bridges e uma bela canção salvaram o filme e já fizeram muito em dar a ele dois Oscars.
Nota: 3 claquetes