Crítica: Filha do Mal
A Bruxa de Blair, Cloverfield, REC e Atividade Paranormal são exemplos de filmes feitos no estilo “câmera na mão”. Em casos de filmes de terror, como este “Filha do Mal”, o artifício também funciona como uma maneira de deixar as cenas mais realistas, como se fossem realmente um documentário ou uma edição de cenas de câmeras de segurança (que também estão presentes no filme). Mas este tipo de filmagem também funciona como uma “muleta” para filmes de baixo orçamento que, muitas vezes, são realizados por diretores novatos (bingo!).
“Filha do Mal” conta a história de Isabella Rossi (Fernanda Andrade), cuja mãe matou três pessoas durante um exorcismo e vive em um hospital de Roma. Sempre com a câmera tremida e cortes bruscos, o filme é permeado de depoimentos. Isabella passa a buscar ajuda para sua mãe na Itália junto com seu namorado fissurado por filmar tudo (já vimos isso em algum lugar?), e encontra dois padres exorcistas que agem contra os mandos da Igreja.
Como todos os filmes recentes sobre exorcismo, “Filha do Mal” não parece se levar a sério. O filme começa dizendo que não teve autorização do Vaticano para ser realizado, o que já mostra, no mínimo, a pretensão de causar polêmica, mas o máximo que o filme consegue é mostrar a Igreja Católica como desinteressada em exorcizar algumas pessoas.
Com poucas cenas de susto ou que realmente causem algum medo, os únicos destaques do filme podem ser creditados ao ator Evan Helmuth, que vive o padre David, em duas das cenas mais chocantes do filme.
O filme é recheado de clichês já conhecidos em produções do tipo. No primeiro exorcismo a ser mostrado, a garota possuída (tem que ter sempre uma jovem mulher?) teve que ser transferida para o porão… talvez a mãe tenha pensado: “oras, já que minha filha foi possuída pelo demo, acho que vou colocá-la em um ambiente mais assustador que seu belo quarto”. O filme ainda explica e explora muito mal o passado de dois importantes personagens: o padre Ben e a própria protagonista.
“Filha do Mal” não consegue causar no espectador nem mesmo aquilo que o filme propõe: tensão, medo ou susto. Mas diverte. Sim, “A Filha do Mal” pode ser uma sucessão de repetições, mas ainda assim faz o espectador querer saber o que vai acontecer no final. E acredite: o final é surpreendentemente bom.
Lembra-se do filme O Ritual, com Anthony Hopkins? “Filha do Mal” é melhor. Isso não é um mérito, mas consola.