Seis Graus de Separação: 5 fatos sobre o "primeiro filme" de Will Smith
Seis Graus de Separação - Donald Sutherland, Will Smith
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Seis Graus de Separação: 5 fatos surpreendentes do “primeiro filme” de Will Smith

Recentemente, lançamos um episódio do podcast Cinem(ação) sobre o astro Will Smith. No processo de pesquisa para a realização do programa, eu me dei conta de que não havia visto os primeiros filmes da carreira do ator. Entre eles, um se destacou: a comédia “Seis Graus de Separação”, baseada em uma peça de teatro.

Embora o longa não esteja disponível em serviços de streaming populares, não foi difícil encontrá-lo. Infelizmente não consegui assistir ao filme antes da gravação do episódio, mas pude fazê-lo alguns dias depois, e me surpreendi com diversos elementos presentes na produção.

“Seis Graus de Separação” é dirigido por Fred Schepisi e tem no elenco, além de Will Smith em seu primeiro papel como protagonista, os veteranos Donald Sutherland, Ian McKellen e Stockard Channing, sem contar com alguns rostos que se tornariam conhecidos. Na trama, um casal recebe o jovem Paul em casa e acaba se encantando pelo carisma do rapaz, que os convence de que é amigo de seus filhos, mas na verdade é um estranho golpista.

Assistir a “Seis Graus de Separação” é surpreendente em diversos momentos:

1- Crítica irônica ao racismo

Os diálogos ágeis de “Seis Graus de Separação” denunciam a origem teatral do roteiro. E não são poucos os momentos em que o casal da elite novaiorquina faz referências a questões raciais. Na trama, o personagem de Will Smith diz ser filho de Sidney Poitier, que na época era praticamente o único astro negro de Hollywood. A maneira como os brancos falam positivamente do ator e depois se referem à situação de tensão racial na África do Sul (como se ela não existisse nos Estados Unidos) é uma forma de retratar o racismo velado da elite branca, que acredita ser livre de preconceitos apenas porque “ama” Sidney Poitier – o equivalente ao “votei no Obama” quase três décadas depois, visto em “Corra”.

2- Retrato da elite

Com diversas camadas em seu texto, o filme consegue mostrar muito bem a típica elite americana (ou de qualquer país), com suas estratégias para fazer dinheiro rapidamente enquanto finge não ter problemas financeiros. No vai-e-vem de momentos que o filme retrata com alguns cortes rápidos e secos, vemos o casal contando suas desventuras aos amigos dos clubes e festas, como se aproveitasse dos dramas para criar uma audiência cativa nas reuniões. Algo que não mudou nada nos últimos anos. Aliás, não muda há séculos.

3- Papel gay de Will Smith

Paul é o único personagem gay que Will Smith fez. As histórias de bastidores contam que o ator teria se recusado a fazer uma cena de beijo com Anthony Michael-Hall (sim, ele está no elenco), e por isso há um jogo de câmera para dar essa impressão. Smith teria dito que não tomaria essa atitude depois de ficar mais maduro. O fato é que a homossexualidade do personagem também acrescenta uma camada importante à trama, pois faz com que ele tenha um motivo a mais para ser a pessoa que é: desprovida de atenção e de família. É por seu passado pouco explicado que Paul finge ser filho da única figura paterna que consegue encontrar na mídia, e por esse mesmo passado (que apenas podemos presumir) ele tenta costurar relações com as pessoas que consegue enganar.

4- Um certo diretor de Star Trek e Star Wars

Confesso que demorei a me dar conta de quem era aquele ator fazendo a papel de um filho mimado e impaciente com os pais. Trata-se do então jovem roteirista e ator Jeffrey Abrams, elogiado pela crítica da época no New York Times, e que mais tarde viria a ser conhecido como J. J. Abrams.

5- Cats! Cats! Cats!

Por fim, a piada mais surpreendente do filme, que talvez sequer tenha sido pensada como tal, está relacionada ao musical “Cats”. Nos diálogos do filme, o falso filho de Sidney Poitier diz que seu pai produzirá uma adaptação para o cinema do musical dos gatos, deixando os velhos ricos empolgados para fazer uma aparição como figurantes. As referências ao musical, criticando a peça, se tornam muito mais engraçadas agora que, de fato, temos um filme que adapta “Cats” para o cinema. A presença de Ian McKellen (que atua em ambos os filmes) torna tudo ainda mais hilário e irônico.

Há um vídeo (em inglês) com cena que pode ser visto aqui:

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