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Crítica: O Último Jogo
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Crítica: O Último Jogo

O Último Jogo é um filme tão apaixonado pelo futebol que acaba perdendo seu lado racional.

Ficha técnica:
Direção: Roberto Studart
Roteiro: Roberto Studart
Nacionalidade e Lançamento: Brasil, 11 de março de 2021
Sinopse: Dois vilarejos separados por 9km e uma rivalidade ferrenha. Do lado brasileiro, os habitantes de Belezura, uma pequena cidade que vive de empregos na indústria moveleira, está prestes a encarar dois eventos que mudarão suas vidas: o fechamento da fábrica e a última partida de futebol contra os arquirrivais argentinos do povoado vizinho, o que para eles torna-se a última partida de futebol antes do fim do mundo. E em um ponto todos concordam – é preciso vencer, nem que para isso tenham que dar a própria vida.

Elenco: Pedro Lamin, Bruno Belarmino, Betty Barco, Norberto Presta e Juliana Schalch.

A atmosfera de “O Último Jogo”, primeiro filme ficcional de Roberto Studart, é audaciosa. Humor ácido e irônico, cenários coloridos e de tons saturados dando um ar fabulesco e atemporal à história: tudo evoca algo quase fantasioso, como essas anedotas que são contadas por diversas pessoas que juram tratar-se uma história verídica.

Aliado a uma trama que retrata a paixão pelo futebol, o filme une fatores que podem fazê-lo se destacar em relação a outros filmes.

Na trama, acompanhamos o dia a dia de uma cidadezinha brasileira próxima da fronteira com a Argentina cuja vida dos cidadãos gira em torno de duas coisas: a fábrica de móveis que gera empregos e o time de futebol de várzea, cuja rivalidade com a cidade vizinha argentina chega a patamares inimagináveis.

 O drama de “O Último Jogo” se inicia basicamente com o anúncio do fechamento da fábrica local que, por movimentar toda a economia da cidade, vai provavelmente reduzir a população. Por isso, os treinadores do time estão desesperados para ganhar o próximo jogo dos argentinos, garantindo assim um final catártico aos cidadãos.

O clima é de comédia e o tom do filme busca mostrar um pouco do cotidiano, mas o fato é que o andamento da trama é rocambolesco e sem muita preocupação com causa e consequência. Surge um jogador de futebol aparentemente excelente que desperta o interesse do treinador, mas a sequência de tentativas para convencê-lo (o que toma a maior parte do filme) não faz o menor sentido (muito menos o resultado final do personagem), como também não fazem sentido as relações amorosas que envolvem adultério e não geram nenhum efeito na narrativa.

É necessário comentar também as montagens que intercalam cenas de diálogos em dois ambientes diferentes, o que provavelmente foi pensado com o objetivo de criar tensão, mas que acabam sendo atrapalhadas pelo conteúdo e pela trilha sonora que não condizem com o que acontece.

Ainda que o humor comedido de “O Último Jogo” seja elogiável, fazendo com que o filme se assemelhe mais às típicas comédias argentinas ou francesas, há um excesso de preocupação com a atmosfera que me parece ter atrapalhado o foco na trama, que acaba sem conseguir mostrar muito a que veio.

Com isso, o filme não deixa de se assemelhar ao futebol de várzea, que é jogado e vivido com paixão por aqueles que o cercam, mas acaba por falhar no planejamento. “O Último Jogo” é um filme que tenta jogar para o espectador inúmeros elementos que, a priori, poderiam obter bons resultados – desde a paixão futebolística ao humor esquisito e a ambientação de ótima qualidade – mas que se perdem em uma sequência de acontecimentos desconexos.

Uma das cenas finais, quando a tela fica preta, é surpreendentemente bonita.

  • Nota
2.5

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