Crítica 2: Coronation – 44ª Mostra de São Paulo - Cinem(ação)
Coronation - 44ª Mostra de São Paulo
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Crítica 2: Coronation – 44ª Mostra de São Paulo

“Coronation” é um importante documento de seu tempo.

Ficha técnica:
Direção: Ai Weiwei
Nacionalidade e Lançamento: China, 2020 (44ª Mostra de São Paulo)
Sinopse: Em 31 de dezembro de 2019, o primeiro caso do novo coronavírus foi confirmado em Wuhan. As autoridades chinesas negaram repetidamente que a transmissão de pessoa para pessoa era possível, ocultaram o número de pacientes diagnosticados e puniram a equipe médica por divulgar informações sobre a epidemia. Em 23 de janeiro de 2020, a cidade foi colocada sob lockdown e, logo, a Covid-19 tornou-se uma pandemia global. Coronation examina o controle político do Estado chinês do primeiro ao último dia do lockdown em Wuhan. O filme registra a resposta militarizada e brutalmente eficiente do governo para controlar o vírus, os amplos hospitais de campanha que foram erguidos em questão de dias, os 40 mil médicos e enfermeiros que foram trazidos de ônibus de toda a China, além dos moradores locais, que foram trancados em casa. Ai Weiwei dirigiu, produziu e completou a pós-produção do longa remotamente da Europa. As filmagens foram feitas por cidadãos comuns que moram em Wuhan.

Fotografia: Chen Bing, Da Xie, Guo Ke, Huang Kankan, Li Wen, Peng Liming, Rachel, Shu Dizhan, Tong Hao, Tsering Woeser, Wang Kunpeng Yu Wei, Zhang Sanfeng, Zhang Wenwu.

Coronation - 44ª Mostra de São Paulo

Se documentário é para documentar, no sentido estrito da palavra, então “Coronation” faz isso muito bem. Filmado por diversas pessoas que se dispuseram a mostrar a realidade de Wuhan, na China, bem nos primeiros dias de infecções de COVID-19 e lockdown, o filme se demora nas cenas e mostra a realidade da região.

Entregadores levando alimentos para as pessoas trancadas em casa, um médico demorando muito tempo para caminhar pelo hospital de campanha e vestir todo o equipamento de proteção, assim como profissionais de saúde cuidando de pacientes. As imagens, filmadas por celular, se demoram na rotina das pessoas.

Acompanhamos também pessoas tentando ir e vir de Wuhan, presas e sem ter onde ficar, ou então tendo que passar por diversos protocolos. As imagens, que no início deste ano poderiam ser associadas a filmes de ficção, já se normalizaram nas nossas telas.

Ai Weiwei cria o clima com imagens aéreas das cidades vazias. Começa tudo com trilhos de trem vazios e uma música pesada.

É a segunda parte de “Coronation” que dá o tom político. Vemos uma senhora defensora do Partido Comunista criticando o fato de as pessoas não trabalharem em conjunto nos “outros países”, e depois acompanhamos depoimentos sobre o fato de o governo ter escondido informações ou falhado no atendimento de muita gente. As contradições da reação do governo chinês à pandemia são colocados à posta.

Com isso, “Coronation” é um importante documento e certamente precisava ser feito. Se engaja o espectador ou cria uma unidade, de forma a se tornar uma produção imperdível, aí é outra história.

  • Nota
3

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