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O Fim do Mundo - filme de Basil da Cunha - crítica
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Crítica: O Fim do Mundo

O Fim do Mundo, exibido em Locarno, IndieLisboa e Mostra de São Paulo, fala mais sobre a Europa do que parece.

Ficha técnica:
Direção: Basil da Cunha
Roteiro:  Basil da Cunha, Martin Drouot, Saadi
Nacionalidade e Lançamento: Portugal, Suíça, 13 de agosto de 2019 (Locarno)
Sinopse: Spira volta para casa depois de sair de um centro de correção juvenil e se reconecta com seus entes queridos em uma favela da Reboleira, em Lisboa, que é ameaçada de ser destruída. Mas Kikas, um dos antigos traficantes do bairro, deixa claro que ele não é bem-vindo ali.

Elenco: Michel David Pires Spencer, Lara Cristina Cardoso, Marco Joel Fernandes, Alexandre da Costa Fonseca.

No Brasil, “O Fim do Mundo” precisa certamente de legendas. Talvez até mesmo aos portugueses, já que boa parte dos diálogos é falada em uma variação crioula da comunidade formada essencialmente por imigrantes. Marginalizados, eles vão sendo ameaçados pelo poder público, que vai demolindo as casas do local.

Acompanhamos Spira, jovem que passou boa parte da infância preso e volta a dividir seus dias com os amigos Giovani e Chandi, ao mesmo tempo em que se apaixona por Iara.

Perdido, o protagonista convive com a madrasta e sabe apenas que o pai está na Holanda. Outro amigo citado foi para Luxemburgo ou Suíça, o que “é a mesma coisa”, segundo eles. As situações são sintomáticas de Portugal, país europeu com alto índice de emigração, e do próprio diretor, que é suíço e filho de português.

Assim como representa uma parte da Europa pouco vista e retratada, “O Fim do Mundo” também é metonímia para uma geração de jovens perdidos, que se sentem estrangeiros no mesmo lugar que amam. Assim como Iara, Spira poderia muito bem ir embora, mas não vai. Porque não quer, mas também porque há algo de resistência em ficar.

As atitudes do jovem silencioso são atitudes de quem não sabe bem o que quer, mas ao menos sabe o que não quer. E Cunha consegue muito bem fazer com que possamos mergulhar na vida do protagonista e compreender suas atitudes e motivações.

Como um cavalo branco, os sonhos da juventude são muito presentes em outro país, mas podem muito bem estar no mesmo bairro.

*O Fim do Mundo será exibido gratuitamente no Panorama Digital do Cinema Suíço (27 de agosto a 6 de setembro de 2020)

  • Nota
4

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