Crítica: Warrior Nun – 1ª Temporada (2020) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
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Crítica: Warrior Nun – 1ª Temporada (2020)

*Pode conter spoilers*

Olá, caro fã de séries teens. Hoje quero falar um pouco sobre a nova produção de ficção-cientifica teen da Netflix: Warrior Nun, em uma tradução literal “Freiras Guerreiras”. Isso mesmo, já tivemos uma série dedicada a ninguém mais do Lúcifer, porque não uma série sobre freiras que caçam demônios? Será que rola um crossover?

Quando foi lançado o trailer confesso que fiquei um curioso, já que sou católico, e curto filmes e séries com esse lance de caçar demônios. Quando soube que a série chegou a catálogo da Netflix, decidi maratonar.

Warrior Nun, criada pelo showrunner canadense Simon Barry, conhecido pela série de ficção científica Continuum, é baseada em uma polêmica HQ dos anos 1990, escrita por Ben Dunn, onde uma freira de hábito e biquinho (WTF?), matava monstros. Na época membros da Igreja Católica estadunidense criticaram a publicação, o que Ben Dunn respondeu dizendo que a freira usava biquíni para vender. O que anos depois o criador da HQ mudou, porém nem tanto.

HQ Warrior Nun Areola de 1994.

Entretanto, a série que acaba de estrear fez diversas adaptações e mudanças trama, entre elas as vestes e a história da protagonista.

A Premissa de Warrior Nun

Depois de acordar em um necrotério, Ava (Alba Baptista), uma adolescente órfã, descobre que agora possui superpoderes graças a um objeto sagrado chamado Halo, pertencente a um grupo secreto de freiras caçadoras de demônios. Porém, a jovem um tanto incrédula em instituições religiosas, quanto na própria existência de Deus, quer se divertir e aproveitar a segunda chance de viver.

Ava, interpretada por Alba Baptista.

Warrior Nun tem um grande potencial para ser uma série de ação sobrenatural. No entanto, os criadores optam por seguir uma linha no estilo teen, talvez para atrair o público mais jovem, ou por falta de orçamento para bancar os efeitos especiais necessários.

A série acaba sendo uma espécie de salada de frutas. Partindo dos elementos do cristianismo, como as cruzadas e anjos e demônios. Em seguida, inserem traços da cultura pop, os quais são responsáveis por sacadas inteligentes, mas boa parte são jogados maneira forçada.

O terceiro ingrediente, e talvez o que me incomoda mais: a insistência em abordar o famoso embate entre Igreja versus Ciência. É repetitivo e totalmente saturado. Já basta de Dan Brown e seus Anjos e Demônios. Só faltou colocar os Illuminati no meio disso tudo. Eu sinceramente gostaria de entender porque insistem e explorar essa trama como se estivéssemos no século XV.

Aos católicos devotos e curiosos, principalmente aos mais sensíveis, podem se sentir desrespeitados. Já que, os roteiristas têm uma certa disposição em inserir comentários críticos à Igreja, muitas vezes pertinentes. Compreendo tratar de uma ficção, contudo, se eu fosse criar uma série ou filme que fosse usar a Igreja Católica como base, eu certamente procuraria entender sua história e doutrina, para melhor explorá-lo. Não é preciso ser católico, ou seguir ao pé da letra, mas dessa forma é possível tornar sua história mais crível. Isso se aplica de modo geral na criação de um roteiro.

O desenvolvimento

Apesar das críticas, a série tem seus pontos positivos. É um bom passatempo e pode ser consumido rapidamente, já que, a série possui apenas 10 episódios com média de 40 minutos cada. É uma série envolvente no início e que desperta a curiosidade do espectador para conhecer mais sobre aquele universo.

Entretanto, a série perde tempo explorando subtramas e personagens, que não agregam nada à narrativa e acabam sendo descartados no meio da série. Infelizmente Warrior Nun perde pelo menos três episódios (eu diria do 3º ao 5º), com um romance forçado, além de, uma busca exagerada por autoconhecimento de Ava e sua constante fuga do seu verdadeiro propósito. Chega a ser tedioso a repetição. Dessa forma, a trama principal só é destrinchada nos quatro últimos episódios de maneira acelerada.

O Veredito

O elenco de Warrior Nun consegue entregar boas atuações de modo geral, mesmo com um roteiro limitado. O destaque vai para a atriz portuguesa Alba Baptista, que interpreta Ava. Além de Kristina Tonteri-Young, como Irmã Beatrice, e Toya Turner, como Irmã Mary. E é durante as cenas sobre o passado das freiras que se tem os melhores diálogos. Deixando evidente que as histórias das coadjuvantes tinham grande potencial para serem exploradas.

No aspecto técnico a fotografia explora bem os belos cenários das locações espanholas. Já a trilha sonora consegue fazer o mix entre o sacro e a cultura pop. Por outro lado, o designer de produção faz um bom trabalho na medida do possível, já que é visível o orçamento limitado para execução da série. Principalmente quando precisa apelar para o CGI, vide o demônio criado.

Outro aspecto que deixa claro a falta de recursos são em relação aos ambientes do Vaticano. Em uma simples pesquisa é fácil saber que um Conclave (reunião onde se escolhe o próximo papa) é feito na Capela Sistina, com portas trancadas e sem contato com o mundo exterior. Aqui cito um erro de roteiro, onde o cardeal utiliza um celular dentro da capela, que no caso, não se trata da Capela Sistina.

Sim eu sei que se trata de uma ficção. Porém, como eu já citei aqui antes, é preciso criar elementos nesse universo que sejam críveis. Contudo, não vou me alongar mais aos detalhes da série, para evitar mais spoilers.

Em suma, Warrior Nun possui uma boa trama e personagens com grande potencial. As cenas de ação, são um ponto forte da série, todas muito bem coreografadas. Porém, se você vai em busca de ação, pode se decepcionar. O enredo possui algumas revelações e reviravoltas interessantes e que podem ser um bom condutor para uma segunda temporada. Agora basta saber se a série vai ter sucesso suficiente para fazer a Netflix dar continuidade no projeto.

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