Crítica: Ninguém Sabe que Estou Aqui (2020) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
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Crítica: Ninguém Sabe que Estou Aqui (2020)

Chegou há pouco no catálogo da Netflix o filme Ninguém Sabe que Estou Aqui, dirigido por Gaspar Antillo, o qual venceu o Festival Tribeca 2020 como diretor revelação. O longa que pode acabar passando despercebido por muitos é o primeiro longa chileno produzido Netflix e merece atenção. Sem mais delongas vamos a trama.

Ambientado em uma isolada fazenda de ovelhas no sul do Chile, Ninguém Sabe que Estou Aqui narra a melancólica história de Memo, interpretado por Jorge Garcia, que quase sempre calado, esconde uma linda voz. Com uma narrativa lenta, a direção fotográfica abusa das belas paisagens chilenas para dar o tom da melancolia e solidão do personagem.

É fato que, para alguns o filme pode ser monótono e muito parado. Entretanto, vejo aqui um fator fundamental para gerar curiosidade sobre os mistérios por trás de Memo: um homem calado, de temperamento explosivo, e sempre absorto em sonhos e flashs de lembranças de sua infância.

Aos poucos o espectador vai imergindo no drama deste homem de poucas palavras, e isso nos instiga a querer descobrir os motivos deste silêncio. Para isso, o roteiro cria um verdadeiro quebra-cabeça. Sem diálogos expositivos, e elementos subjetivos (o que pode incomodar parte do público), aos poucos vamos decifrando os traumas do personagem e criando feição por ele.

A ótima e silenciosa atuação de Jorge Garcia, é capaz de exprimir todos os sentimentos reprimidos em Memo. E é nos detalhes, como gestos e olhares, que sentimos a raiva, o ressentimento e o receio do personagem. Vivendo de maneira solitária, Memo mergulha em sua imaginação, em verdadeiras cenas teatrais, onde ele, enfim, pode ser quem ele é ou quem sempre desejou ser.

Ninguém Sabe que Estou Aqui, de maneira intimista e melancólica, reflete sobre as consequências da imposição de padrões e dos abusos psicológicos sofridos ao longo da infância, além da busca por aceitação. Apesar da lentidão, vale a pena a imersão no drama de Memo.

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