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Machado de Assis em 5 adaptações para o cinema

Machado de Assis é considerado por muitos o maior escritor brasileiro de todos os tempos. Nascido em 1839 no Rio de janeiro, Machado criou obras-primas que entraram para a história como o que de melhor já foi produzido pelas artes literárias. No período do Romantismo, o célebre escritor iniciou sua obra em prosa em forma de romance em 1872, com “Ressurreição”, seguido de “A Mão e a Luva” (1874), “Helena” (1876) e “Iaiá Garcia” (1878). No entanto, sua maior força literária reside em seus trabalhos do período do Realismo, com as obras: “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881), “Quincas Borba” (1889), “Dom Casmurro” (1899), “Esaú e Jacó” (1904) e “Memorial de Aires” (1908).

Diferentemente do escritor alagoano Graciliano Ramos, que teve três obras muito bem adaptadas pelo cinema – “Vidas Secas“, “São Bernardo” e “Memórias do Cárcere“, Machado de Assis não teve muita sorte com adaptações de suas obras para o cinema, salvo algumas exceções.

Capitu (1968), dir: Paulo César Seraceni. Com Othon Bastos, Raul Cortez e Isabella.

Dom Casmurro”, a mais importante obra de Machado, perde muito de sua complexidade, impacto e paixão nesta adaptação fria, com pouca emoção e um descuido perceptível por parte de seus realizadores. Para muitos, esta obra do escritor é sua obra-prima máxima, e, sendo assim, merecia uma adaptação mais caprichada. O filme vale na verdade pela presença de dois grandes atores: Othon Bastos no papel de Bentinho segura bem seu personagem, e o Escobar feito por Raul Cortez não tem muito espaço, mas mesmo assim o ator consegue dar dignidade ao personagem. O problema acaba sendo a escalação de Isabella Cerqueira (ou apenas Isabella) para viver Capitu (a mais famosa e enigmática personagem da literatura brasileira). É uma atriz sem o charme, beleza e carisma da mulher que mexe com o coração do ciumento Bentinho. A obra de Paulo César Seraceni (A Casa Assassinada) carece de profundidade e um bom roteiro, se alongando em momentos desnecessários e cortando elementos fundamentais do texto de Machado.

Quincas Borba (1985), dir: Roberto Santos. Com: Helber Rangel, Fulvio Stefanini e Paulo Villaça.

O mais objetivo das três primeiras grandes obras de Machado no período do realismo, “Quincas Borba” perde muito nessa adaptação que se situa na atualidade (nesse caso aqui nos anos 80).

O texto de Machado e uma crítica ácida aos pensamentos Filosóficos vigentes em sua época. O filme está mais preocupado com a loucura do personagem principal, deixando de lado outros elementos que tornam a obra tão complexa.

Memórias Póstumas de Brás Cubas (2001), dir: André Klotzel. Com: Reginaldo Faria, Petrônio Gontijo e Sônia Braga.

Esta e a melhor adaptação para o cinema de uma obra de Machado de Assis.

A história se passa no século 19, o que ajuda a tornar a obra ainda mais palpável, mostrando um Rio de Janeiro na época do Império e tudo que cercou a vida do defunto-autor Brás Cubas (feito de forma competente por Reginaldo Faria e Patrônio Gontijo). O diretor Klotzer acertou ao não enfeitar tanto o roteiro, mantendo a essência e a ironia do texto de Machado. Além disso, o visual é muito bonito, em uma produção elegante e muito bem cuidada.

Azyllo Muito Louco (1971), dir: Nelson Pereira dos Santos. Com: Nildo Parente, Isabel Ribeiro e Nelson Dantas.

Baseado na novela literária “O Alienista”-o principal “texto curto” de Machado de Assis, “Azyllo Muito Louco” faz algumas alterações em relação à obra original. Enquanto Machado fazia uma alusão a revolução francesa, criticando o movimento, em “Azyllo Muito Louco” o diretor Nelson Pereira dos Santos “ousou” criticar a ditadura militar, denunciando o poder do autoritarismo e a falta de escolha da população que entra em uma situação estranha e inusitada, sem fazer a mínima ideia do que realmente está acontecendo.

Missa do Galo (1982), dir: Nelson Pereira dos Santos. Com: Olney São Paulo Jr., Isabel Ribeiro e Nildo parente.

Reunindo alguns atores de seu “Azyllo Muito Louco”, o diretor Nelson Pereira dos Santos volta a adaptar uma obra de Machado. Dessa vez, Nelson adapta um dos melhores contos do genial escritor carioca. Por manter basicamente todos os elementos do texto de Machado, o curta-metragem consegue transmitir a poesia e paixão presente na história. O tom amargo e irônico de Machado é visível aqui, e isso por si só já vale muita coisa.

Colaboração: Ana Luiza

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