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Margarita com Canudinho
Netflix

Margarita Com Canudinho, um brinde!


Margarita com Canudinho, a delicadeza em forma de filme.
Ficha técnica:
Direção: Shonali Bose, Nilesh Maniyar
Roteiro: Shonali Bose, Nilesh Maniyar, Atika Chohan
Elenco:  Kalki Koechlin,  Sayani Gupta
Nacionalidade e lançamento: Índia, 2014

Há quase 10 anos eu busco, assisto e escrevo sobre filmes lésbicos. No começo, era um exercício da minha descoberta e pertendimento ao mundo LGBT, hoje é aprendizagem de descobertas e da representatividade.

Quase o mesmo tanto de tempo que escrevo sobre os roteiros LGBT, brigo com eles e com a deficiência de histórias e roteiros que não sejam baseados em tragédias, traições ou criados por olhares masculinos do que seria um relacionamento lésbico. Esses problemas de roteiro não existem no Margarita com Canudinho.

O filme está disponível na Netflix e surgiu da ideia da diretora em retratar a descoberta sexual da personagem com deficiência. A diretora do filme inspirou a história de como pessoas com deficiência exploram, experienciam e vivem sua sexualidade em sua prima, Malini Chib. Você pode ler uma entrevista com a diretora aqui (em inglês).

O fato da experiência da personagem Laila ser com outra mulher é colocado de forma natural, o que faz o filme passar longe desses fracassos de roteiro com os quais eu brigo há tempos. Quando temos filmes que exploram mais de um aspecto chave do personagem, poderia ser fácil cair no erro de não conseguir retratar nenhuma coisa nem outra (como acontece com Amor por Direito, por exemplo), mas Shonali Bose, a diretora, coloca a delicadeza na tela com Margarita com Canudinho, amarra bem a história e explora as personagens de maneira leve e gostosa. 

Margarita com Canudinho (Margarita with a straw, 2014) é a história de Laila, uma jovem romântica que, por conta de uma paralisia cerebral, possui algumas limitações de mobilidade e de fala. Após uma decepção amorosa, Laila embarca da Índia para Nova York e assim começa sua descoberta sexual e de si mesma.

Talvez a delicadeza de Margarita com Canudinho se dê justamente ao fato de que o filme não tem seu centro sobre a sexualidade da personagem principal, mas sim na evolução e descobertas dela. Aliás, a sexualidade da personagem é uma das coisas que menos importa na trama toda, talvez seja por isso que o roteiro dá certo. Talvez os roteiristas e diretores de filmes LGBT possam colocar a representatividade na tela, sem o peso de ser sobre a sexualidade.

Assistir a Laila descobrindo aspectos de si mesma, assistir a evolução do relacionamento dela com a mãe e assistir a representatividade de pessoas com deficiência ir além da deficiência é o que mais vale nesse filme todo! Ele cai no gênero LGBT da Netflix apenas por uma casualidade. A delicadeza do filme está na naturalidade da história, da vida dos personagens, do pequeno enredo romântico e na jornada da protagonista com ela mesma.

Indicado para os finais de domingo e para quando você não souber o que assistir. 🙂

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