Crítica: O Que te Faz Mais Forte (Stronger, 2017) - Cinem(ação)
O Que te Faz Mais Forte
1 Claquete

Crítica: O Que te Faz Mais Forte (Stronger, 2017)

O Que te Faz Mais Forte é inconsistente e, como  perdão do trocadilho, fraquíssimo.

Ficha técnica:
Direção: David Gordon Green
Roteiro: John Pollono
Elenco: Jake Gyllenhaal, Tatiana Maslany,  Miranda Richardson
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2017 (08 de fevereiro de 2018 no Brasil)

O Que te Faz Mais Forte

Imagine uma história de uma homem que acaba perdendo as pernas e se torna símbolo de uma cidade. Imagine ainda que este herói não é um herói clássico, pois ele é recheado de falhas. Não precisa imaginar esta é a história real de Jeff Bauman e o que vemos aqui em O Que te Faz Mais Forte (ou, no original, simplesmente Stronger).

Se a trama pode instigar, o porém vem em como ela é contada. Qualquer história, boa ou ruim, pode ser tornar um filme bom ou ruim. E, infelizmente, estamos diante do último caso. A direção de David Gordon Green é quadrada e formulaica. O grande artifício do diretor é desfocar parte do ambiente para denotar confusão ou para focar nas expressões dos atores em primeiro plano. Recurso este usando em abundância aqui e, também por isso, saturado e ineficaz.

A fotografia chapada torna o longa pouco dinâmico visualmente. O que poderia dialogar com o sentimento do protagonista, vira apenas tédio. Os planos são repetitivos e preguiçosos. A montagem é problemática. Como se não bastasse o ritmo descompassado – que dá uma cena pra cada momento no começo e depois fica arrastado – há pelo menos 4 cenas que poderiam ser o final, a coisa se prolonga. O filme, portanto, não sabe a hora de acabar.

Jake Gyllenhaal estava cotado para uma indicação ao Oscar. O ator já teve trabalhos como em O Abutre (2014), que sim mereceria um prêmio. Aqui ele tem trejeitos carregados. As angustias parecem birra. Os amores são piegas. E os tombos não valem nem como compaixão ou quiçá comédia. É como se ele gritasse a todo momento: “quero um Oscar”, vide a cena no carro.

Os demais atores compõem tipos ainda piores. Caricaturas das mais diversas formas tomam conta da tela. Se tiraram as pernas do personagem de Jake, parecem que tiraram o cérebro dos demais. Os diálogos são nível comédia de quinta. O momento em que vários estão na sala de espera e chega o chefe de Jeff é de uma vergonha alheia.

O Que te Faz Mais Forte

Parte da culpa cai na conta dos atores e direção, mas parte é devido ao roteiro maniqueísta, auto indulgente e raso. Repare na quantidade de personagens. Além do quase nulo aprofundamento, temos figuras que são abandonadas como o chefe de Jeff ou a irmã de Erin (ex-namorada de Jeff). E personagens que surgem do nada só para ter uma cena melodramática no final.

Cada vez que um personagem passava a beber era um martírio. Eu já havia entendido os problemas alcoólicos 20 citações atrás. Essa recorrência, que tal como estratégia de desfocar, torna a obra maçante. O patriotismo exagerado fica evidente também. Diversas cenas evocam o sentimento e tomam tempo em tela. Desde a comemoração da morte de um terrorista, até toda a construção do mito ou as interrupções dos fãs – que os fatos reais tenham sido desta forma, no filme isso fica narrativamente carregado e, portanto, não convém.

O Que te Faz Mais Forte tinha potencial dentro do limite de um filme engajante – até por trazer um personagem um pouco além do totalmente clichê. Mas se boicota 100% das vezes e entrega um produto decepcionante.

  • Nota Geral
1.5

Deixe seu comentário